tag:blogger.com,1999:blog-43156943073184122322024-02-18T20:00:01.088-08:00The snakersEles invadem ambientes protegidos para matar suas vitimas, usando uma tecnologia que já existe, sem deixar pistas.Eles são o SEXTO PODER!São superiores à máfia, aos governos, ao poder legalmente constituído. O preço que cobram: fidelidade, discrição e segredo sobre as atividades do grupo. Seus componentes são fanáticos e fiéis seguidores do HOMEM DO CHAPÉU DE FELTRO. Como é que eles conseguem realizar as proezas, sem deixar rastros? Afinal. o que pretendem? wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.comBlogger15125tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-36487071472334510712015-02-02T16:22:00.004-08:002015-05-26T17:51:40.070-07:0015 - O Caso Nisman <img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMYdcuTxjbCddMmKk7KVd3mkz7FLZJkMtdza0vKpo3KOMS-fZfkRNofMlWCcnJMnWaysvrYnwezHkNzL-eWs4UJ6LYVVNjJHAbGopBIyvWcccGUNByrjmBpHZBn8pvom-fS1SUggyib8A/s320/snakers.jpg" /><br />
<br />
<div style="text-align: -webkit-center;">
<a href="http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=pt&u=http://the-snakers.blogspot.com.br/2015/02/15-o-e.html"><span style="color: black; font-size: x-small;">Translate this weblog</span><br /><img alt="02bandeira-eua" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi_3cHxQhsv_5fSFK7CvpapHSwutQlBOBz7yrOuhgNpCjtCFhBYSGmGEbl36NVt8pZ4QH90n5SfelijY2jnyvw4r_F9Dj0eKrkQZVHk8m30wIT86C0t5Dk9cwZqL5vwxK4LUnotYPe9lqt/" height="30" style="border-width: 0px; display: inline;" title="02bandeira-eua" width="47" /><img alt="01bandeira-ingla" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqLlG4wDf1WUfJlc2ZOfif-XmvHws4ifKjhkFCKbzCuu2YLWF3BTuafENuwJy1I_VmcSVBvvzNyIuvOLTJKVzLi9y6gBj1Nbjmv_9iyrfeeTBkiy3yZrBzGsIVIuGWtBEGvcleJAtWx1Ol/" height="31" style="border-width: 0px; display: inline;" title="01bandeira-ingla" width="50" /></a></div>
<div style="text-align: -webkit-center;">
<span style="color: silver; font-family: Microsoft Sans Serif; font-size: xx-small;"><em>By <a href="http://www.ferramentasblog.com/" target="_blank">Ferramentas Blog</a></em></span></div>
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b>
Tarde nublada e abafada em Porto Alegre. Um homem enfiado dentro de um terno incompatível com a temperatura aguarda nervoso no saguão do Hotel Savoy fincado na Av. Borges de Medeiros. Já consultara pela quinta vez o relógio sem que isso aliviasse a tensão de cada segundo perdido. O olhar castanho procura se fixar no movimento da avenida. Ele não quer perder nada de vista. O suor lhe empapa a camisa e o obriga a tirar o casaco antes que vire "suco" dentro daquela roupa formal. Confere o relógio mais uma vez.<br />
-Merda. Está atrasado. Esbraveja para si mesmo, mas o tom ecoa pelo saguão e alfineta um casal que por ali circula, provocando uma troca de olhares nada amistosos.<br />
-O que estão olhando? Pergunta ele dirigindo uma voz furiosa para os hospedes inadvertidos, que não retrucam e seguem o caminho que estavam fazendo.<br />
Quando resolve sair dali e retornar para o hotel um silvo vindo da calçada o faz olhar de novo para a rua. Um senhor sexagenário, usando uma camisa polo branca de mangas curtas e bermuda de sarja, o fixa debaixo de um chapéu estilo Panamá, de uma cor que lembra um bege ou creme, num tom difícil de definir. Este senhor esta com um canudo de plástico, destes de lancheria para se beber refrigerante, esticada entre os dentes, como se fosse uma palheta ou algo parecido com um apito. Ele retira os óculos escuros e revela o olhar azul intenso enquanto sorri para o engravatado, embasbacado co o que vê.<br />
-Eu lhe conheço? Pergunta o que tem pinta de executivo para o idoso em pé na calçada.<br />
-Fui chamado até aqui por alguém que precisa muito mesmo falar comigo. Por acaso será você?<br />
O "executivo" mira o desconhecido de forma desconfiada:<br />
-E o que esse "cara" teria para falar? Não te conheço! Diz o engravatado enquanto se aproxima lentamente do ancião que permanece em pé debaixo do sol escaldante.<br />
-Só você pode me dizer do que se trata. Senão, porque estaria parado aqui todo este tempo e neste calor?<br />
-Está me vigiando velho?<br />
-Que tal conversarmos no bar o hotel? Resmunga o velho já impaciente.<br />
-Como vou saber que você é o cara que estou esperando?<br />
O velho espia o executivo empapado de suor da cabeça aos pés e analisa a situação. Pensa em ir embora.<br />
-Se você é o cara que estou esperando então pode dizer se é isto! O engravatado saca do bolso um cartão com um holograma, onde se visualiza a imagem de uma serpente sobre um número de celular e o balança para o velho enquanto aguarda uma resposta ali mesmo na calçada.<br />
O velho sorri e recita numero do telefone de trás para a frente.<br />
O executivo para de balançar o cartão e relê o número e fica alternando do cartão para o sorriso enigmático do ancião, que observa impaciente.<br />
-E então? Vamos ficar aqui "cozinhando" debaixo deste sol?<br />
Após fecharem a porta do quarto, o executivo vai até uma gaveta em um armário de canto e dela saca uma pistola e aponta para o ancião, que não reage.<br />
-Quem é você? O que sabe sobre mim? Fulmina o ancião com um olhar inquiridor!<br />
-Não sei quem é você, mas posso ser a "solução" para o problema que tiver, isso eu lhe garanto.<br />
-Não me faça de tolo. Todo mundo tem problemas. Quem foi que te mandou? O executivo balança a pistola no ar como um chicote diante do pacato ancião.<br />
-Ninguém me manda ir. Eu venho somente porque me chamam, e se foi você que me chamou então porque me aponta uma arma?<br />
O velho fita o adversário com uma frieza que deixa o executivo desconcertado e intrigado. Aos poucos desiste de iniciar um tiroteio ali mesmo no meio do quarto. Recolhe a pistola e se vira para o ancião, que permanece impassível como um totem.<br />
-Na verdade não fui eu. Esperava outro tipo de "contato". Eu apenas recebi instruções para analisar a situação e sondar o terreno em que estamos..digo...estou pisando.<br />
O velho fisgou que o executivo esconde algo, mas se manteve na retaguarda.<br />
-O que você ou mesmo outros interessados precisem, saiba que obterão o resultado procurado. A minha "organização" age limpo, não deixa pistas e não se interessa pelas consequências das ações que praticamos.<br />
O ancião, já sem o chapéu e exibindo uma cabeleira prateada muito bem cuidada, fala manso e com firmeza, procurando transmitir segurança para o agitado ouvinte. O sujeito se agita e se desalinha, sem perder o velho de vista. Arrisca:<br />
-Simples assim? Que organização é essa? Que "poder" é esse que eles possuem a ponto de não temerem nada? Como você pode saber no que estará se metendo sem saber com quem está negociando?<br />
O velho levanta o cenho para o executivo:<br />
-Maravilha! Então já estamos "negociando"! Rapaz, você e seus "amigos" precisam de mim e não se preocupe: dou minha palavra de que não se decepcionarão.<br />
-Muito bem, digamos que eu contrate sua "organização". Quais são as condições do "contrato"?<br />
-São bem simples: discrição, fidelidade, submissão.<br />
-Discrição? fidelidade? submissão? Que papo é esse?<br />
-São as "nossas" condições para que vocês atinjam os resultados esperados.<br />
-Você não sabe de nada. Acha que pode nos impor condições? Diga o preço, um valor e veremos se entramos em um acordo.<br />
-O "preço" é este. É aceitar o largar.<br />
O velho fechou a boca numa expressão pouco amigável. O executivo o olha e resolve falar com alguém no celular, sem deixar de encarar o velho, que permanece imóvel com semblante fechado. O executivo fala em castelhano e gesticula muito e após alguns minutos, encerra a conversação. Encara o velho, e resignado, estende a mão em um sinal de "aceite", ao que o dono do chapéu panamá corresponde, também apertado a mão do executivo.<br />
-Não irá se arrepender filho.<br />
Após o cumprimento, o executivo revela finalmente para o ancião qual é o "serviço" que os novos "clientes" querem "contratar": "silenciar" um promotor de justiça que irá depor no congresso e contra o governo de um país fronteiriço ao Brasil.<br />
Após o executivo escutar do ancião várias vezes que o "serviço" seria feito e com perfeição, ele assim mesmo não ficou seguro de que tudo aconteceria tal como planejado. Ligou nervosamente para o outro lado das fronteiras e escutou o improvável do interlocutor internacional:<br />
-Faça tudo o que ELE mandar e aguarde por novas instruções.<br />
-O-O-O-O-<br />
Dois dias depois, num pavilhão sem identificação localizado em algum ponto do bairro Humaitá em Porto Alegre, um senhor sexagenário descansa o chapéu Panamá em um cabide onde repousa um outro chapéu, só que feito de feltro cinza.<br />
Ele se volta para a "equipe" reunida em torno da mesa em que ele se acomodou.<br />
-Rapazes - diz ele em voz calma e pausada - amanhã vamos viajar para fora do País. Espero retornar de lá com ótimos resultados. Carreguem o Scãnia com todo o equipamento e não esqueção de nada. Testem a "coisa" pois não poderemos fazer reparos. Nada, nada pode dar errado.<br />
Um minuto de pausa silenciosa ocorre e parece à todos uma eternidade.<br />
Trocas de olhares incrédulos são feitas entre os membros da equipe, mas ninguém protesta. Todos ali amam o que fazem e tem uma devoção religiosa, quase fanática, àquele velho que os lidera.<br />
Eles todos sabem: logo..., logo, o mundo não será mais o mesmo.... de novo.<br />
<br />
O-O-O-O<br />
<br />
Fim de mais este episódio.
<!-- Blogger automated replacement: "https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F3.bp.blogspot.com%2F-S8iK5nC21LI%2FUCgpaVpPdRI%2FAAAAAAAAAKw%2FB5FmgSJTCJk%2Fs320%2Fsnakers.jpg&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*" with "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMYdcuTxjbCddMmKk7KVd3mkz7FLZJkMtdza0vKpo3KOMS-fZfkRNofMlWCcnJMnWaysvrYnwezHkNzL-eWs4UJ6LYVVNjJHAbGopBIyvWcccGUNByrjmBpHZBn8pvom-fS1SUggyib8A/s320/snakers.jpg" -->wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-78277901287126322782014-10-05T18:10:00.003-07:002015-02-02T16:34:33.545-08:0014 - A ELEIÇÃO ESTÁ SEGURA? <img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMYdcuTxjbCddMmKk7KVd3mkz7FLZJkMtdza0vKpo3KOMS-fZfkRNofMlWCcnJMnWaysvrYnwezHkNzL-eWs4UJ6LYVVNjJHAbGopBIyvWcccGUNByrjmBpHZBn8pvom-fS1SUggyib8A/s320/snakers.jpg" /><br />
<br />
<div style="text-align: -webkit-center;">
<a href="http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=pt&u=http://yet-clerk.blogspot.com.br/2014/12/afinal-jesus-cristo-nasceu-ou-nao-no.html"><span style="color: black; font-size: x-small;">Translate this weblog</span><br /><img alt="02bandeira-eua" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi_3cHxQhsv_5fSFK7CvpapHSwutQlBOBz7yrOuhgNpCjtCFhBYSGmGEbl36NVt8pZ4QH90n5SfelijY2jnyvw4r_F9Dj0eKrkQZVHk8m30wIT86C0t5Dk9cwZqL5vwxK4LUnotYPe9lqt/" height="30" style="border-width: 0px; display: inline;" title="02bandeira-eua" width="47" /><img alt="01bandeira-ingla" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqLlG4wDf1WUfJlc2ZOfif-XmvHws4ifKjhkFCKbzCuu2YLWF3BTuafENuwJy1I_VmcSVBvvzNyIuvOLTJKVzLi9y6gBj1Nbjmv_9iyrfeeTBkiy3yZrBzGsIVIuGWtBEGvcleJAtWx1Ol/" height="31" style="border-width: 0px; display: inline;" title="01bandeira-ingla" width="50" /></a></div>
<div style="text-align: -webkit-center;">
<span style="color: silver; font-family: Microsoft Sans Serif; font-size: xx-small;"><em>By <a href="http://www.ferramentasblog.com/" target="_blank">Ferramentas Blog</a></em></span></div>
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b>
<b><span style="font-size: large;">A eleição está segura?</span></b><br />
<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Ele sorveu o último gole de capucino, e
antes de descansar a xícara no pires decorado e suspirou fundo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Esperou por um lampejo de criatividade
naquele momento.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">A cafeína sempre o auxiliou nos momentos
mais delicados e que pediam uma ação rápida e direta.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">A ideia luminar porém não veio e ficou
somente o vazio da xícara ainda pairando no ar, sustentada com firmeza pelos
dedos idosos do ancião que é e sentado numa mesinha da cafeteria do mezanino do
Mercado Público de Porto Alegre. Preocupado com o lapso mental, pousou
delicadamente a xícara no pires, sem fazer o ruído característico do tilintar
das porcelanas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">"-O que eu fiz?", se perguntou
num som que somente ele escutara. Já adivinha que junto com a possível<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">resposta obscura surgirá também um novo
horizonte de amplas possibilidades, já que estará agindo direto no controle
politico da nação. Remoeu o passado recente tentando lembrar que erro cometera,
mas a investigação solitária não lhe apontava um deslize sequer da Organização
que chefiava.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O último "serviço" foi concluído
com êxito e de praxe, mas o sucesso da "empreitada" foi de um
"sabor ácido" em quem mente e dissimula ante uma sociedade incauta e
ingênua.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O velho, ainda com o odor do capucino
impregnado nas narinas, tenta avaliar a dimensão das consequências da última
"ação dos Snakers", enquanto alisa as abas do chapéu de feltro.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Ele sempre o mantém por perto, mesmo
durante um simples café vespertino, como se fosse um amuleto contra maus
pensamentos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Ele não consegue explicar o que o atordoa,
mas sabe que terá de carregar o peso de uma culpa e talvez essa seja sua
sentença até o final dos tempos. Não quer sentir auto-piedade pois sabe que
desta vez foi longe demais, rompeu os limites da própria ética a que se impunha
e invadiu inadvertidamente um terreno em que não poderia ter jamais adentrado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Os desdobramentos deste último
"ato" da Organização que comanda, poderão ser tantos que não sabe
como dimensionar as consequências.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Desta vez teme que a criatura devore
o criador!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">----------------------<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O homem do chapéu de feltro se esforça
para reativar as lembranças do vale profundo da memória.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Tudo se inicia, como sempre, quando algum
insuspeito interessado nos serviços "especiais" dos
"Snakers" se apresenta e sempre indicado por alguém que já tenha se
beneficiado de um destes "préstimos" escusos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O contato é revelado por um cartão
singular, decorado com o holograma da serpente sobreposto ao número do celular
não rastreável, do "chefe" daquela Organização: o próprio dono do
velho chapéu de feltro, cuja identidade deve ser mantida em sigilo por motivos
óbvios.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Todas as conversas sempre se dão em locais
previamente monitorados por "infiltrados" da Organização, que são
escolhidos "à dedo" pelo "chefe", e fazem uma varredura
prévia do local do encontro para prevenir surpresas e "imprevistos".
Segundo critérios que vão do nível técnico do candidato à "gangster"
amador ao grau de fanatismo pelos "valores" que a Organização
"vende", como discrição, rapidez, eficiência e...poder, estes
"agentes" vão se incorporando aos Snakers.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">E o que esta máfia "à
brasileira" cobra em troca destes "favores"? Dinheiro? Propinas?
Chantagens?Conchavos? Nada disso!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Apenas uma única moeda de troca é aceita:
DEVOÇÃO à causa dos Snakers.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Diferentemente das máfias mundo afora, o que
lhes move não é dinheiro ou poder político, mas provar do que são capazes e
comprometer aqueles que os contratam com submissão total à
"organização" através de um pacto secreto de "fidelidade" e
extrema "confidencialidade".<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Tudo o que o "contratante" dos
"serviços" prestados sempre deverá à Organização é se apresentar
quando e se for convocado a "contribuir" para a Organização com
apoio logístico, material ou mesmo estratégico em outras "ações".<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">E para os que nela ingressarem numa viagem
sem volta, haverá além da cobrança de participação compulsória em operações da
organização, a garantia que NADA, NINGUÉM e NENHUM OUTRO PODER será maior que o
da Organização e que o destino das vítimas estará sempre selado quando os
Snakers marcá-las como o próximo alvo. Isto massageará o alter-ego dos
cúmplices da gangue.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">E desta vez o objetivo não é uma vítima em
potencial, mas um "valor" sensível de um outro "poder"
concorrente.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">É um valor meramente institucional e
legalmente instalado no País: O VOTO!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">E o contato foi feito por forças que
querem manipular os resultados das eleições em curso.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Os Snakers foram chamados para atingir
este objetivo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Desafiados à provarem o que realmente são,
a resposta veio rápida: os Snakers não se intimidariam diante de um
desafio, pois sempre agem com paixão e uma simples "provocação" à
honra daquilo que defendem (provar que são soberanos em si mesmos!) já lhes dá
combustível suficiente a entrar em luta surreal contra os possíveis detratores
do PODER que alegam possuir.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O desafio proposto era de monta, mas não
impossível de ser realizado, como provariam mais tarde ser exequível: entrar
numa sala-cofre de um prédio extremamente protegido do governo em Brasília,
onde estão instalados os servidores que irão realizar a apuração dos votos da
eleição que irá escolher os próximos governantes do País. O objetivo é penetrar
nestes servidores (considerados altamente protegidos de ataques cibernéticos
por várias camadas de barreiras de segurança) e implantar um vírus de
computador especialmente projetado para embaralhar os dados que serão recebidos
pelas portas de comunicação dos modens de dedicação exclusiva.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Estes modens estão montados em uma rede
fechada e regulam todo o tráfego de dados da apuração que são enviados de todos
os cantos do País para uma central de apuração que localizada numa área
de segurança nacional num setor da capital federal, em um perímetro de acesso
restrito e vigiado pelo exército e pela polícia secreta.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">E qual o preço desta
"empreitada" imposto pelo "homem do chapéu de feltro" aos
"contratantes"?<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Apenas uma exigência: obediência servil
dos meliantes contratantes à "organização" dos Snakers.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Como estes contratantes não sabem quem são
os "contratados", nem onde estão, nem como agem, mas conhecem a
extensão do grau de periculosidade dos Snakers, passivamente
"aceitam" e firmam em um pacto puramente verbal, concordando com o
grilhão que vai condená-los à submissão total.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Passados alguns dias do primeiro e
discreto encontro, os "Snakers" organizam tudo para dar início a
"missão".<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Este planejamento prévio é necessário,
pois dele depende o total sucesso das ações que se seguirão.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Os "Snakers" usam de muita espionagem
e contam com a ajuda de outros "membros", que pelo passado obscuro,
devem "favores" à organização.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Observando o prédio, roubando
projetos arquitetônicos e hidráulicos do mesmo, infiltrando um agente
disfarçado de faxineiro no local (que fotografou e levantou dados do local!) e
como sempre: de forma organizada e em equipe, definem a melhor estratégia de
ataque.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Posicionaram o mesmo caminhão Scânia que
carrega a nova versão tecnológica da "coisa" em um ponto próximo ao
prédio "alvo" eminente.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">A "coisa" (um robô de alta
tecnologia assemelhada aos répteis) com capacidade de se deslocar pelas
tubulações de esgotos, controlada e monitorada à distância por um sofisticado
sistema de comunicação digital, é capaz de fazer valer o poder dos Snakers e
deixar atônitas as defesas inimigas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Esta "coisa" passeia pelos
ambientes como uma cobra, atingindo qualquer ponto da construção usando as
tubulações do prédio como uma estrada livre.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Eles farão a "coisa" penetrar
nos âmagos do prédio onde está a central informatizada de apuração da eleições
usando as redes de esgotos sanitários e delas acessar um dos dutos que a
conduzirá até uma das torres de resfriamento do ar condicionado instalado no
terraço do edifício. De lá irá descer até a sala-cofre pelo conduto do ar
até a área protegida, que está localizada num dos pavimentos do prédio
invadido, e pelo caminho irá burlando e desativando todos os esquemas de
vigilância instalados.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Utilizando um braço mecânico embutido, a
"coisa" consegue manipular objetos à distância, e todos os movimentos
são transmitidos em tempo real, mostrando tudo o que é executado no local do
ataque para uma central de controle, de onde partem os comandos que dão vida e
inteligência à "coisa".<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">De dentro de um compartimento da
"coisa" um conjunto de pinças salta e atua como se fossem os dedos de
uma mão biônica. Estes dedos manipulam portinholas aparafusadas, conexões USB,
apertam botões, digitam em teclados, retiram e inserem componentes eletrônicos
como se fossem "pens-drives" dos servidores, que reagem às
intervenções alheias.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Tudo feito com uma precisão e sincronia
como se um cirurgião manipulasse a "coisa" com as próprias mãos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O resultado não poderia ser outro e foi
exultante!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O homem do chapéu de feltro cumpriu o que
prometeu e o vírus foi instalado, mesmo que os engenheiros de software do
governo afirmassem categoricamente que o sistema é totalmente seguro e á prova
de hackers.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O sucesso da ação foi garantida também
pela rapidez e pela ausência de pistas, já que esta versão da "coisa"
apaga todos os possíveis rastros deixados pela engenhoca, e se retira
sorrateira e silenciosamente da sala mais "segura" da República.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O resultado positivo da ação porém deixou
o chefe dos Snakers apreensivo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Esta ação dos Snakers elevou
desproporcionalmente a autoestima da equipe, inflando um ânimo sombrio nos
membros, que a cada dia parecem mais fanáticos naquilo que fazem.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">A manipulação do resultado eleitoral
concedeu um poder desproporcional ao grupo e a notícia se espalhou para além-mar,
o que pode se tornar um "fardo" para os Snakers.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O homem do chapéu de feltro já pensa em
como neutralizar este poder.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Ele não que perder o controle sobre a
"criatura".<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">-------------------------<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O homem do chapéu de feltro sabe e se
questiona: se a "coisa" ficar sem controle? O que deverá fazer? A
cafeína cappuccino ainda não deu a Resposta.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">-------------------------<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Fim de mais este episódio.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<!-- Blogger automated replacement: "https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F3.bp.blogspot.com%2F-S8iK5nC21LI%2FUCgpaVpPdRI%2FAAAAAAAAAKw%2FB5FmgSJTCJk%2Fs320%2Fsnakers.jpg&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*" with "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMYdcuTxjbCddMmKk7KVd3mkz7FLZJkMtdza0vKpo3KOMS-fZfkRNofMlWCcnJMnWaysvrYnwezHkNzL-eWs4UJ6LYVVNjJHAbGopBIyvWcccGUNByrjmBpHZBn8pvom-fS1SUggyib8A/s320/snakers.jpg" -->wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-7268548578137344392014-09-20T08:12:00.000-07:002014-10-23T17:33:00.567-07:0013 - O PREDADOR <img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMYdcuTxjbCddMmKk7KVd3mkz7FLZJkMtdza0vKpo3KOMS-fZfkRNofMlWCcnJMnWaysvrYnwezHkNzL-eWs4UJ6LYVVNjJHAbGopBIyvWcccGUNByrjmBpHZBn8pvom-fS1SUggyib8A/s320/snakers.jpg" /><br />
<br />
<b><br /></b>
<b>O Predador</b><br />
<b><br /></b>
<b>As sombras se mesclam aos poucos com os minguados clarões de luz.</b><br />
<b>A noite se insinua sobre Porto Alegre e desperta as criaturas da noite,</b><b>que em bandos, tomam as ruas e becos, vagueando na procura do que fazer.</b><br />
<b>Punks, darks, skinheads, metaleiros, emos, boêmios, pagodeiros, piranhas, </b><b>meliantes, seguranças e toda a sorte de tribos convergem sempre para os </b><b>mesmos lugares, naquela procura das mesmas coisas que justifiquem a </b><b>desgraçada existência de todos eles. Algumas vezes eles se cruzam.</b><br />
<b>Ocasionalmente se misturam e até se acasalam.</b><br />
<b>Raramente ficam para sempre.</b><br />
<b>Esses grupos vão tomando conta da noite e tentam tomar o espaço todo </b><b>certinho, construído pelos que cultuam a luz do Sol e que já se recolheram </b><b>ao conforto e segurança das casas elegantes e gradeadas, como senhores </b><b>feudais em seus próprios castelos.</b><br />
<b>Um grupo diferente destes, no entanto, move-se sem alarde pelas ruas </b><b>mal iluminadas do bairro Humaitá, na zona norte da cidade.</b><br />
<b>Eles manobram uma jamanta de 35 toneladas, tipo baú, sem identificação ou letreiros, </b><b>rebocada por um cavalo-mecânico Scânia de 800 cavalos de potência para fora de </b><b>um discreto pavilhão, que por razões de segurança, não pode ter a localização </b><b>aqui revelada.</b><br />
<b>Os tripulantes não falam entre si.</b><br />
<b>Somente um deles, dentro do imenso baú, </b><b>com fones e microfones na cabeça e sentado diante de um conjunto de monitores </b><b>de computador piscantes, fala com alguém conectado no outro lado da linha.</b><br />
<b>O motor possante ronca e as vibrações se fazem sentir por toda a carroceria, mas </b><b>os ocupantes não se importam e parecem acostumados com o ruído.</b><br />
<b>Cada um está ocupado com alguma tarefa e quem os visse, diria que </b><b>estão muito focados naquilo que estão fazendo.</b><br />
<b>A cena lembra um daqueles filmes de guerra, em que os soldados dentro de </b><b>uma cabine mexem em botões e comandos, tentando um ataque certeiro </b><b>ao inimigo incauto. </b><b>O interior do baú está imerso numa semi-penumbra, que parece ter penetrado </b><b>da noite lá fora pelas janelinhas laterais do baú, tipo escotilha de submarino, </b><b>envolvendo e transformando os enclausurados em figuras mais sinistras ainda.</b><br />
<b>Após o caminhão rodar por um tempo não maior que duas horas, ele para e </b><b>o motor diminui a rotação.</b><br />
<b>Agora o interior do baú começa a se agitar.</b><br />
<b>Um operador, sentado numa poltrona com manches </b><b>(que lembram os controles de um vídeo-game) e usando </b><b>um capacete especial que envolve toda a cabeça (conectado aos sistemas </b><b>de computação por um feixe de cabos que saem da nuca) é </b><b>o mais "nervoso" e dispara ordens e comandos aos asseclas em volta, </b><b>mas eles não desviam a atenção do que estão fazendo, apenas escutam e </b><b>automaticamente executam o que é ordenado, de forma quase mecânica, em </b><b>total disciplina e organização.</b><br />
<b>De dentro do baú eles estão controlando a "coisa", um produto da inteligência </b><b>humana, que tanto pode estar a serviço do bem como do mal. Nesta noite, </b><b>a "coisa" estará do lado "negro da força". </b><br />
<b>Fazer o quê? A vida é assim: ums podem ganhar, mas outros terão que perder.</b><br />
<b>E nesta noite, alguém perderá....a vida!</b><br />
<b>Sim, a "coisa" irá ceifar a vida de mais uma pobre vítima!</b><br />
<b>Bem que ela poderia salvar alguma alma, mas hoje a "missão" fará o oposto disso: mandará uma para o inferno!</b><b> </b><br />
<b>Foi para isso que toda a equipe se preparou e estudou meticulosamente um </b><b>plano para levar ao sucesso esta empreitada.</b><br />
<b>Sim, os "Snakers" são mercenários. </b><br />
<b>Só trabalham para quem paga mais.</b><br />
<b>Eles são invisíveis, precisos e perigosos para as vítimas-alvo e nada </b><b>os deterá. </b><br />
<b>Fazem um serviço </b><b>limpo, que deixa as autoridades atônitas e </b><b>os senhores do poder arrepiados. Ninguém está à salvo do alcance das </b><b>garras desta organização.</b><br />
<b>A "coisa" é um robô, misto de assassino e herói, que se desloca pelas tubulações </b><b>de esgotos das cidades, chegando aonde quer que precise, penetrando fundo </b><b>onde ninguém chega.</b><br />
<b>É comandado à distância e invade qualquer </b><b>ambiente, rastreia e localiza o alvo e executa o serviço para o qual </b><b>foi programado, retirando-se em silêncio sem deixar pistas ou vestígios de que </b><b>passou por ali.</b><br />
<b>Para a vítima de hoje, só resta uma saída: ela não pode estar ali no momento em que </b><b>a "coisa" chegar.</b><br />
<b>E isso não tem importância, pois a "coisa" tem paciência e tal </b><b>como um predador no topo da pirâmide, aguarda na próxima tocaia a </b><b>chance de dar o bote final na caça.</b><br />
<b><br /></b>
<b>-O-O-O-</b><br />
<b><br /></b>
<b>Fim de mais um episódio de SNAKERS</b>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFGLRAil-rWJyR6cgh_PoD5_KR0SSWWtpeb8OSd7YKat08kM8dA2j__PcAlFOfdTI5FP7kcR98bYuXV7CGzxZAOwBRJraFZheyCUmC-o8OX2Kzj3fcQvJYsnKB7t-KjzS-DVbq64CXBvI/s1600/snakers.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFGLRAil-rWJyR6cgh_PoD5_KR0SSWWtpeb8OSd7YKat08kM8dA2j__PcAlFOfdTI5FP7kcR98bYuXV7CGzxZAOwBRJraFZheyCUmC-o8OX2Kzj3fcQvJYsnKB7t-KjzS-DVbq64CXBvI/s320/snakers.jpg" width="311" /></a></div>
<br />
A madrugada primaveril de uma abafada de Porto Algre anuncia mais um tórrido verão gaúcho e<br />enche os bares e calçadas da boêmia Cidade Baixa. Também ajuda na insônia de um<br />quase aposentado funcionário público, o perito policial Adelar.<br />Os últimas notícias da imprensa local desencadearam uma avalanche de perguntas e geraram<br />um turbilhão de respostas no cérebro do servidor do Instituto Geral de Perícias.<br />Adelar tenta buscar na luminosidade ruidosa da rua José do Patrocínio, com as centenas <br />de personagens notívagas que para lá convergem atrás de êxtase etílico e sexo barato, <br />uma distração para o turbilhão em que mergulhou a mente que deveria estar em repouso nesta noite.<br />O dia tinha sido cansativo e Adelar sentia-se esgotado, mas algo o mantinha em pé até<br />altas horas. <br />Ele relembrava mentalmente do corpo extendido do juiz Benetton, encontrado morto dentro de um<br />banheiro da sala 804 do fórum Central. Aparentemente atingido por um fulminate ataque cardíaco.<br />É estranho, pois os ultimos exames de rotina feitos pelo juiz não apontavam esta possibilidade.<br />Também relembrou o caso do inquérito 611724208. Na época, ao examinar as imagens<br />de uma camera instalada dentro do cofre onde o processo estava protegido, <br />Observou que uma sombra muito estreita, como a de uma corda, movia-se fora do campo da tela. <br />Tinha se intrigado com esse pequeno detalhe, mas deu de ombros para o fato.<br />Tempos depois, outro caso: o prisioneiro 1665-B, detido numa prisãoi de segurançla máxima.<br />Era um assaltante de bancos evadido, que se envolveu num tiroteio com muitos mortos e feridos.<br />Foi encontrado estirado no chão da cela, com os braços abertos e olhos esbugalhados, ao lado<br />de uma carreirinha de cocaína altamente pura.<br />Como a droga entrou lá?<br />Um filete de sangue seco no pescoço, denunciou um corte certeiro, talvez de uma lâmina afiadissima,<br />que decepara a traquéia e a carótida.<br />Como e quem cometera o assassinato dentro de uma área tão protegida?<br />As imagens das cameras de segurança não captaram nada. As celas continaram trancadas e <br />so foram inspecionadas quando o preso naõ respondeu a chamada.<br />Quando chegou na cela para cobrir a cena do crime, viu que tinham "lavado" o <br />vaso sanitário, que segundo os carcereiros, estava todo "borrado" de fezes, mas<br />o cadaver estava limpo e a autópsia não revelou que o assaltante não tinah feito uso<br />do tal vaso antes de morrer.<br />O perito Adelar saca de um cigarro, quebrando o jejum que prometera a si mesmo de abandonar o vicio.<br />Ele traga e dá umas baforadas aspergindo uma nuvem no ar, incrivelmente parado sobre Porto Alegre.<br />O que ele vê na fumaça são mais vultos de mais fantasmas que agora querem lhe afugentar a paz.<br />Ele vê um paciente termina, um homem no leito de morte, que parecia dormir um sono eterno, com um leve sorriso nos lábios,<br />após alguém ou alguma "coisa" ter cortado fios e tubos que conectavam o enfermo aos aparelhos mantenedores das<br />funções vitais. E o hospital e secretária da saude até hoje estão "investigando" o que aconteceu.<br />Ainda tem o caso do sequestrador que foi capturado "morto" depois de ter sido "imobilizado" por uma "serpente" metálica,<br />como descreveram as duas única reféns e vítimas do meliante. Porém, estranhamente, tanto o delegado<br />que atuou na ação quanto o tenente que invadiu a loja após um tiroteio que alegaram vinha de "dentro para fora" do prédio,<br />não realtaram nada de "anormal" nesta ocorrência.<br />Só que as fotos tirada poela perícia do local do crime indicavam a presença de que alguma "coisa rastejante"<br />teria se movimentado pelo chão do local.<br />E o que dizer de um achado incrível: um "pendrive" instalado em um roteador dentro do cofre do mais moderno e<br />seguro datacenter do sul do País? Até agora ninguém soube dizer para que serve e quem o instalou!<br />O fato assustou o Secretário Municipal Adjunto para Assuntos "Estratégicos", que ordenou a abertura de<br />Inquérito Administrativo e encaminhou o caso para o Ministério Público, que remeteu para o titular<br />da Vigésima Delegacia especializada em crimes cibernéticos. Passados quarenta dias, a <br />investigação resultou vazia de respostas. O delegado chegou a indiciar um analista de sistemas<br />responsável pela segurança do DataCenter, mas desistiu de levar as acusações contra o funcionário<br />adiante.<br />Adelar tentava mentalmente ligar todos os casos, etabelecendo um elo de ligação entre eles.<br />O que lhe chamava a atenção era os indícios sempre apontavam para alguma "coisa" misteriosa <br />sempre presente nas cenas dos crimes: um rastro deixado por alguma coisa<br />"rastejante", mas que, curiosamente, sumia no meio do caminho, com se tivesse sido<br />propositadamente "apagado". <br />-Apagado? Por quem?<br />No cenário da cela, ele fotografou as mesmas marcas se afastando do ponto onde o preso <br />tombou em direção ao fundo da cela, mas somem subitamente.<br />No caso do juiz Beneton, idem.<br />Já no hospital, os mesmos sinais de que alguma "coisa" teria visitado a U.T.I. antes<br />de consumar o assassinato.<br />A viúva parecia, estranhamente, tranquila e com um olharpacífico e tranquilo ante à perda súbita<br />do marido.<br />E o que pensar do sequestrador? As vítimas juraram ter visto uma "enorme serpente" atacando o<br />meliante. Na loja também havia sinais de que algo se arrastara até ali, mas os mesmo também "sumiam"<br />no meio do caminho, que indicava o fundo da cela, onde só tinha um vaso sanitário instalado.<br />Súbitamente Adelar é pércorrido por um choque que lhe percorre a coluna de ciam a baixo.<br />-É isso! Só pode ser isso!<br />Ele pega o celular e disca nervosdamente para um colega do Instituto Geral de Pericias.<br />-Alô?<br />-Sou eu cara, o Adelar!<br />-Há...O que você quer?<br />-Eu acho que desvendei o mistério da morte daquele assaltante de bancos.<br />-Jura? E como é que se deu?<br />-Ouve bem: o que acabou com o cara, deve ter saído de dentro do vaso sanitário, se arrastando e...<br />-Tá...tá...e essa "coisa" seria o quê? Um crocodilo?<br />Interrompido, Adelar foi pego de surpresa pela ironia do colega.<br />-Que é que isso meu brother? Tá me gozando?<br />-Não me leva mal caraq, mas essa tua teoria cai bem em roteiro de cinema, mas quero ver quem<br />é que vai te apoiar nessa. <br />-Ainda não sei o que é que saiu de dentro do vaso e...<br />-Não se preocupe Adelar. Chame um biólogo. Vai ver foi um "alligator" transgênico, sedento por<br />fazer justiça e...<br />O colega do IGP não terminou de falar e a ligação foi interrompida.<br />Adelar desligou furioso. Não aguentou a zombaria.<br />Decidiu que iria investir na prórpia tese e provar ao mundo que há algo mais<br />misterioso sob os pés dos Porto Alegrenses do que sobre a superfície.<br />E fica fitando a imagem de uma sombra em uma das fotos sobre a mesa, que revela uma<br />sombra comprida, se esgueirando pelo canto direito da cena.<br />Passa o dedo indicador pelo borrão e bate nele três vezes.<br />-Você é meu e vou pegá-lo.<br />Fala em voz baixa enquanto cofia a barba rala.<br />
==============<br />
<br />
<br />
<br />
FIM DESTE EPISÓDIO<br /> <br />
<br />wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-25220366229083174542012-12-15T19:23:00.001-08:002012-12-15T19:23:13.365-08:0011 - A COISA - "A EVOLUÇÃO"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl9myWM9JoUM-ydfMB36mp7OMXL9D31kMXC5JkgDQ3hyphenhyphene6FIScrGWfBantuv3IzGe1E3Jt4XqqgRhocrCq0wujVhTF7n39h0hJ8bRNbusz_MnKvtfMdTYIV3EJEmlH0LYTCSwAIu7uHrg/s1600/snakers.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl9myWM9JoUM-ydfMB36mp7OMXL9D31kMXC5JkgDQ3hyphenhyphene6FIScrGWfBantuv3IzGe1E3Jt4XqqgRhocrCq0wujVhTF7n39h0hJ8bRNbusz_MnKvtfMdTYIV3EJEmlH0LYTCSwAIu7uHrg/s320/snakers.jpg" width="311" /></a></div>
<br />
A madrugada no porto de Porto Alegre é pertubada por figuras furtivas, que se agitam dentro do armazém D1.<br />Os homens que por ali se batem estão descarregando o conteudo de um enorme caixão de metal, um container, enviado em um navio<br />direto de Cingapura. A loga viagem terminou em terras gauchas, mas por precaução e para não chamar a atenção, <br />a carga do container só foi descarregada após o anoitecer.<br />Os homens obdecem as orientaçãoes de um senhor, que insiste em usar umn chapéu antiquado feito de feltro.<br />Acompanhando tudo, o olhar observador de um jovem e idealista engenheiro fica extasiado quando um dos volumes<br />envelopados em uma das caixas de madeira descarregada do container, reluz na luz tênue das luminárias do armazém.<br />É um objeto cilindrico e metálico, envolto em palha de vime e bolinhas de isopor.<br />O cavalheiro de chapéu, que também observa o objeto, comenta que é a evolução da técnica.<br />O objeto chama a atenção. Parece um imenso anelídeo, desses que normalmente se encontra ao escavar <br />a terra úmida dos jardins. O aço polido reflete imagens distorcidas do ambiente, mas tanto<br />o engenheiro e o cavalheiro de chapéu conseguem se dinstiguir entre as distorçoes refletidas, mas o<br />olhar deles é de deslumbramento diante do novo modelo da "coisa".<br />-Rapaz-susurra o velho-este "projeto" inovou. Agoa teremos mais "autonomia" em nossas "ações".<br />-Quais os avanços esse novo modelo apresenta? O rapaz está ansioso por uma resposta.<br />-Eu compreendo tua ansiedade. A fala do velho é calma e tranquila.<br />E continua:<br />-Este sistema é totalmente novo. Não vamos mais necessitar de um motor diesel para <br />movimentar o "extenser" por todo o trajeto. Esta unidade é totalmente automata. E ela<br />se "arrastará" até o destino, não importando as dificuldades do trajeto.<br />O velho fala enquanto estica o olhar para o engenheiro, para medir as reaçoes<br />dele diante de cada palavra.<br />-A "unidade"-prossegue o velho-tem três hastes que se projetarão para fora<br />do corpo principal, fixando-a nas paredes internas da tubulação. Em seguida<br />estenderá para frente um prolongamento do corpo principal. Dele sairão<br />outras três pinças, que também se fixarão nas paredes do duto invadido.<br />O jovem engenheiro ajeitaqva o óculos o tempo todo, como se quisesse ajustar<br />o foco para ver melhor.<br />-Então,-prossegue a voz pausada e rouca do velho-as primeiras hastes são <br />recolhidas e a extensão do corpo é recolhida, e este movimento de retração<br />puxa o restante do corpo da "coisa" cada vez mais adiante, e assim ela <br />vai percorrendo todo o itinerário programado.<br />-E a fonte de energia para isso tudo?-quiz saber o engenheiro.<br />-Já esperava esta pergunta. Ela provém do metano pré-existente dentro das<br />tubulações. Este modelo da "coisa" foi projetado com uma<br />célula compacta de reciclagem de metano em energia para os <br />sistemas embarcados nela. E no ambiente em que ela transitará há combustivel<br />de sobra.<br />-E como vai fazer para recuperá-la?<br />-Ora meu ingênuo jovem.A "coisa" fará os movimentos inversos para retornar <br />para a base. E através do GPS, poderemos monitorar cada metro percorrido.<br />-E como o senhor resolveu a questão da comunicação? Não ficará prejudicada?<br />-Pensamos nisso também. Para isso abusamos da tecnologia de celular. E para aumentar<br />a eficiência, a "coisa" terá suporte de um longo cabo óptico. Teremos <br />velocidade de transferencia de daos muito superior à melhor banda larga digital<br />existente no mercado.<br />-Porque tudo isso? Não ficou caro demais?<br />-Jovem, no nosso "meio" os resultados devem imediatos e precisos. Não pode<br />haver falhas. Muitos dos "membros" da nossa "organização" são devotos à ela.<br />Eles todos tem uma divida de "gratidão" com o grupo. Isso é que dilui os <br />possíveis custos.<br />-Senhor...-o engenheiro não chega a terminar o que estava iniciando a dizer <br />e é interrompido pelo ancião:<br />-Você terá a honrra de fazer o batismo desta "coisinha" espetacular. Será<br />a nossa próxima "ação" e com a nova tecnologia. E quer saber qual é?<br />Falou e esticou um olhar penetrante para o jovem.<br />O engenheiro faz um meneio com a cabeça confirmando a curiosidade.<br />-Vamos pregar um "susto" no governador e dentro do palácio do governo.<br />O olhar do jovem se espanta ante o sorriso inigmático do homem de chapéu de feltro,<br />que já não sabia se de entusiasmo ou sadismo. <br />
<br />
============<br />
<br />
Fim deste episódio.<br />
wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-70546914406909434042012-11-02T10:50:00.004-07:002014-10-19T15:43:54.117-07:0010 - O DATACENTER<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMYdcuTxjbCddMmKk7KVd3mkz7FLZJkMtdza0vKpo3KOMS-fZfkRNofMlWCcnJMnWaysvrYnwezHkNzL-eWs4UJ6LYVVNjJHAbGopBIyvWcccGUNByrjmBpHZBn8pvom-fS1SUggyib8A/s1600/snakers.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMYdcuTxjbCddMmKk7KVd3mkz7FLZJkMtdza0vKpo3KOMS-fZfkRNofMlWCcnJMnWaysvrYnwezHkNzL-eWs4UJ6LYVVNjJHAbGopBIyvWcccGUNByrjmBpHZBn8pvom-fS1SUggyib8A/s320/snakers.jpg" height="320" kda="true" width="311" /></a><br />
<div style="text-align: -webkit-center;">
<a href="http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=pt&u=http://the-snakers.blogspot.com.br/2012/11/10-o-datacenter.html"><span style="color: black; font-size: x-small;">Translate this weblog</span><br /><img alt="02bandeira-eua" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi_3cHxQhsv_5fSFK7CvpapHSwutQlBOBz7yrOuhgNpCjtCFhBYSGmGEbl36NVt8pZ4QH90n5SfelijY2jnyvw4r_F9Dj0eKrkQZVHk8m30wIT86C0t5Dk9cwZqL5vwxK4LUnotYPe9lqt/" height="30" style="border-width: 0px; display: inline;" title="02bandeira-eua" width="47" /><img alt="01bandeira-ingla" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqLlG4wDf1WUfJlc2ZOfif-XmvHws4ifKjhkFCKbzCuu2YLWF3BTuafENuwJy1I_VmcSVBvvzNyIuvOLTJKVzLi9y6gBj1Nbjmv_9iyrfeeTBkiy3yZrBzGsIVIuGWtBEGvcleJAtWx1Ol/" height="31" style="border-width: 0px; display: inline;" title="01bandeira-ingla" width="50" /></a></div>
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<span style="color: silver; font-family: Microsoft Sans Serif; font-size: xx-small;"><em>By <a href="http://www.ferramentasblog.com/" target="_blank">Ferramentas Blog</a></em></span></div>
<br />
O projeto da Prefeitura estava concluído: um prédio novinho em folha, para abrigar<br />
um moderníssimo centro de armazenamento de dados digitais, o "datacenter".<br />
Dezenas de grandes computadores, com alta capacidade de memória e processamento <br />
tinham custado uma pequena fortuna.<br />
O alto investimento se justificava: o governo queria garantir que somente um punhado de privilegiados tivesse acesso restrito aos servidores, para onde todos os dados dos cidadãos e da cidade deveriam migrar.<br />
Um sofisticado sistema de proteções eletrônicas foi incorporado ao projeto, para evitar acessos indevidos ou não autorizados. O prefeito garantiu pela imprensa que nada, nem ninguém conseguiria romper as barreiras criadas para proteger as informações armazenadas no "datacenter".<br />
Um controle biométrico de reconhecimento de digitais e escaneamento de retina foi desenvolvido para identificar aqueles contemplados com acesso à sala dos comutadores mais potentes da cidade.<br />
Tudo isso não foi o suficiente para barrar os Snakers.<br />
O caminhão Scania, carregando nas entranhas da carroceria um artefato idealizado por engenheiros obcecados por desafios, manobra tranquilamente pelas ruas que compõe o quarteirão onde está instalado o datacenter.<br />
Câmeras de rua acompanham a movimentação do veiculo na Central de Monitoramento do comando de vigilância do município, mas sem despertar suspeita de quem observa as manobras do caminhão.<br />
O motorista posiciona o caminhão em cima de uma tampa metálica circular, destas que são normalmente encontradas no piso das ruas e que escondem redes quilométricas de galerias enterradas sob o solo das cidades.<br />
Um alçapão no assoalho do baú do caminhão é aberto e através dele vultos abrem a tampa metálica chumbada no asfalto.<br />
-Está aberto. Vamos iniciar a entrada. Falou um dos vultos que habitam o baú.<br />
Imediatamente o motor do Scânia ronca mais possante e um longo tubo de material sintético, parecido com P.E.A.D.. desce para dentro do poço.<br />
Dentro deste tubo vai embarcada a "coisa", que segue por dentro das tubulações de esgoto enterradas, penetrando cada vez mais em direção ao "alvo": a inexpugnável sala-cofre do novíssimo "datacenter".<br />
Alguns minutos depois, e à dezenas de metros de distância do caminhão, a "cabeça" da "coisa" atinge um<br />
poço de formato cônico, onde encontra duas aberturas, por onde escorrem filetes de dejetos. Fica indecisa por alguns segundos, mas num movimento rápido escolhe a abertura da esquerda e nela se enfia.<br />
Percorre todo um trajeto por dentro de canos, passando por diversas caixas de passagem, onde encontra outras aberturas, mas toma decisões precisas que terminam conduzindo-a até o telhado do prédio do "datacenter".<br />
Lá em cima, procura pela torre de resfriamento do ar condicionado.<br />
Assim que a identifica, nela se esgueira.<br />
Impulsionada pela força mecânica do poderoso motor do caminhão, a "coisa" agora desce por um duto de ar condicionado até atingir a câmara de filtragem: um prisma em formato de paralelepípedo recheado de mantas de um material poroso, parecido com lã ou feltro.<br />
Nesta câmara faz um furo na parede da mesma e penetra nesta nova passagem, "caindo" no interior da sala de maquinas, já dentro do prédio. A "coisa" prossegue na busca obstinada pelos servidores de internet, por onde circulam os dados mais sigilosos de várias secretárias de governo.<br />
Se contorce para lá e para cá, tal qual um réptil, sempre em busca da "presa".<br />
Alcança um ponto de uma ala da sala todo preenchido por um emaranhado de tubos que lembram um ninho de minhocas gigantes se enroscando umas nas outras.<br />
Balança a "cabeça" para cima e para baixo, enquanto uma luz violácea que se projeta de um "olho" vasculha o ambiente. Fica parada por uns dois minutos, como se estivesse indecisa. De repente, se agita e se estica até uma plataforma de onde parte o emaranhado de tubos. É o "shaft" que procurava: coluna do edificio por onde passam tuboe e fiações que conectam todos os pavimentos do edifício.<br />
Penetra neste "canal" e viaja por ele, subindo mais ainda.<br />
Uma vez lá em cima, localiza uma outra abertura, não maior que duas polegadas, pintada de verde e fechada por uma tela fina de arame.<br />
Usando de uma luz muito intensa e vermelha, a "coisa" derrete a tela para abrir caminho e penetra na pequena abertura.<br />
Segundos depois, a "coisa" está dentro da inexpugnável sala.<br />
Sempre se arrastando e contorcendo-se pelo chão, a "coisa" estaciona diante do painel de roteadores: uma caixa envidraçada, com uma dezena de prateleiras pequenas, de onde partem feixes de cabos coloridos, todos numerados, cada um ligado a uma luz tênue e piscante.<br />
A "coisa" abre a portinhola da caixa utilizando pinças que se projetam da parte anterior da "cabeça".<br />
De um compartimento localizado no dorso do corpo cilíndrico, retira uma espécie de "pen-drive", que encaixa habilidosamente numa porta USB, como um soquete, localizado no painel traseiro de uma das prateleiras.<br />
-"Está feito"-Foi o grito de exaltação do operador dentro do baú do caminhão Scânia.<br />
Depois de tudo isso feito, a "coisa" fecha a portinhola da caixa envidraçada com toda a delicadeza e começa a recuar, se retirando pelo mesmo caminho que usou para entrar, sempre borrifando um liquido azulado, apagando os indícios que denunciassem a invasão.<br />
Hora e meia depois, o caminhão põe-se em movimento, abandonando o local.<br />
Na sala de monitoramento da vigilância, um supervisor nota o movimento e num instinto, resolve salvar a imagem captada pela câmera de segurança da rua.<br />
Enquanto isso, em outro ponto da cidade, no distante bairro Humaitá, um homem envergando um chapéu de feltro brinda com a equipe: eles acabam de mostrar para um agente do S.N.I., da extinta agencia de informações secretas do governo federal, o que os Snakers são capazes de fazer.<br />
<br />
Fim deste episodio. <br />
<br />wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-87732969739022486602012-10-20T14:50:00.001-07:002012-10-20T14:50:26.748-07:009 - DÍVIDAS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJLKLgigbns10_Ewgam55iwMsQklZeFBPXumqmIQNJBZC5PoBdSIstIrChmjoE9gGImqlAExT-a5pNwqae6yvb_SxXukfLINSGXzcJf-m_JlwgCqaFvMbpIDxdPx-PRBselsWqDPeOQzM/s1600/snakers.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJLKLgigbns10_Ewgam55iwMsQklZeFBPXumqmIQNJBZC5PoBdSIstIrChmjoE9gGImqlAExT-a5pNwqae6yvb_SxXukfLINSGXzcJf-m_JlwgCqaFvMbpIDxdPx-PRBselsWqDPeOQzM/s320/snakers.jpg" width="311" /></a></div>
<br />
<strong>Enquanto uma adormece, outra Porto Alegre se mantém insone no <br />quarteirão formado pelas ruas João Alfredo, República e Lima e Silva.<br />O burburinho das bandas se apresentando ao vivo nos diversos bares é<br />mesclado às vozes e ao ronco de motores dos playboys desocupados, que por<br />ali vagueiam, engrossando a multidão aglomerada nos estreitos passeios públicos.<br />Isso tudo compõe uma irritante melodia para o azar dos moradores<br />que teimam em querer dormir cedo. A madrugada avança espalhando odores <br />etílicos e ureicos pelas calçadas e muros do boêmio bairro Cidade Baixa.<br />Uma mar de copos plásticos sujos já cobre o asfalto e certamente logo <br />entupirão os bueiros na próxima chuvarada.<br />Um enorme caminhão de cinco eixos, todo carenado e adornado com acessórios <br />que lembram aqueles "truks" muito comuns nos filmes de ação americanos,está estacionado<br />desde o incicio da noite na rua Republica, quase defronte ao colégio de padres<br />"O Pão dos Pobres". Embora parado tanto tempo, não desperta a curiosodade<br />dos eventuais pedestres. O motor ecológico de última geração,<br />gira, mas de maneira quase silente. Quem passa próximo da carroceria nem percebe que um "nevorsismo"<br />toma conta do interior do enorme baú. É dali que partem a energia e as ordens <br />para que a "coisa" se movimente de forma obediente em direção ao alvo: um <br />edificio envidraçado no outro lado da av Borges de Medeiros.<br />Este edificio é sede da filial sulista de uma financeira, a Ivestimenta, ligada ao banco Espanhol Alquires.<br />A finaceira é nacionalmente conhecida pela sede por investimentos de baixissimo risco, seguindo a cartilha<br />dos CEOs espanhóis: o máximo de lucro pelo menor custo possível.<br />A avenida Borges de Medeiros é importante via de acesso ao centro da cidade e está distante não<br />mais que duzentos metros perpendicularmente à rua Republica, que também é paralela a elegante <br />avenida Praia de Belas.<br />O caminhão está tão próximo do edificio que é possivel visualizar o interior das salas pelas janelas<br />esquecidas abertas. <br />A "coisa" se contorce lentamente, à procura de uma entrada para o edificio, apartir <br />do ponto onde está estacionado o caminhão.<br />Tudo que "Vê" e "sente" é transmitido em tempo real para a Central de Controle,<br />que está instalada em algum discreto pavilhão comercial do bairro Humaitá, lá no<br />extremo norte da cidade.<br />Após idas e vindas, a "coisa" encontra um ponto de acesso ao interior do prédio.<br />Através de um sistema de localização, parecido com o "G.P.S.", os operadores<br />da "coisa" monitoram o progresso da engenhoca dentro das entranhas do espigão.<br />Pacientemente, cômodo por cômodo é visitado e fotografado.<br />De andar em andar, a "coisa" se arrasta silenciosamente pelo chão, sempre <br />retornando ao ponto de origem quando tem que abandonar o local visitado.<br />Dentre os diversos dispositivos embarcados nela, um chama a atenção: é um "apagador"<br />de rastros. do tipo químico, que anula qualquer tentativa de identificação<br />por peritos abelhudos de possíveis evidências ou provas.<br />Por ser de pequeno porte e não ter peso representativo, os sistemas convencionais<br />de alarme não são acionados pela presença da visitante misteriosa.<br />A "coisa" ainda enxerga no escuro e vasculha o ambiente ao redor, pois<br />está dotada de câmeras especiais que lhe permitem executar uma varredura em detalhes<br />do local invadido. Nada escapa à análise dos dados coletados, feita por poderosos algoritmos<br />especialmente elaborados para este fim. Tudo gera um turbilhão de <br />informações que vai inflando os bancos de memória dos computadores da<br />Central de Controle. Um computador-servidor recebe e consome estes valiosos dados e pode definir<br />em uma fração de segundo qual será a melhor estratégia ou movimento, <br />otimizando ao máximo as ações da "coisa". <br />Esta inteligencia artificial busca sempre como resultado um "serviço" limpo<br />e sem "erros". <br />Enfim, a "coisa" é a mão eficiente do crime perfeito.<br />As tentativas de entrar num setor protegido do edificio se mostraram nulas.<br />Isto obrigou a interferencia humana. Uma conferencia entre os engenheiros operadores, os<br />chamados "Snakers", e o mentor da organização-que insiste usar um antiguado chapéu de feltro-define<br />uma ousada estratégia: entrar pela torre de resfriamento do ar condicionado<br />localizada no terraço, e descer até a área protegida pelo duto de ventilação<br />da sala 504.<br />Esta sala é uma espécie de caixa forte, inacessível ao cidadão comum.<br />Somente membros do alto escalão têm acesso simultâneo ao interior da sala, mediante cartões de senhas criptografadas e<br />todos os movimentos são acompanhados por um sistema de TV interno.<br />Isto não assusta um "Snaker".<br />-Sem problema, responde ao celular o operador de óculos de fundo de garrafa,<br />sentado na frente de vários monitores e operando uma espécie de "mache" <br />de avião e respondendo ao chefe da organização no "viva voz".<br />-Aqui vamos nós! continuou ele enquanto movimenta alavancas e pressiona botões em um painel ao lado.<br />O motor do Scania ronca mais forte e imediatamente a "coisa" é inpulsionada pelo <br />caminho "alternativo". Em poucos minutos ela atinge a saída do duto, que está fechada<br />com uma grade de proteção pelo lado de dentro da sala-cofre.<br />-Não tem importância, rosnou o operador dando de ombros ao comentário de um colega diante do obstáculo.<br /> O operador aperta ums botões e da cabeça da "coisa" uma luz<br />vermelha e intensa vaporiza a fina grade de metal, abrindo uma passagem através do duto.<br />-Entramos! Foi o grito de vitória de todos os que compartilharam a imagem <br />que chegava aos receptores, tanto da Central de Controle quanto dentro do bau <br />da carroceria do caminhão Scania.<br />A "coisa" desliza pela parede até o nível do chão e se estica, tal como uma naja, para rastrear o <br />ambiente. Localiza o ponto-alvo que procurava: uma gaveta em um armário de aço, <br />dotada de fechadura. Porém, ela está trancada.<br />-Só pode ser essa! falou o homem do chapéu de feltro, examinando a imagem em um monitor.<br />-Abram! ordenou em seguida.<br />Da "coisa" se ejetam três pinças que mais lembram dedos de uma mão alienigena.<br />Delicadamente o ciborgue introduz uma das pinças no buraco da fechadura e com movimentos<br />calculados, faz a trança se abrir, expondo o conteudo da gaveta.<br />A mão robotizada tateia os documentos que encontra e seleciona uma pasta com capa cinza, feita de plástico,<br />onde se lê "Reis e Irmãos Participações S/C" na etiqueta.<br />Abre a pasta e folheia uma série de páginas timbradas e numeradas sequencialmente.<br />A equipe do Centro de Controle descobrte que se tratam de debentures.<br />O documento é minuciosamente analisado. Cada página estudada é logo em seguida<br />borrada por uma tinta preta, através de um esguicho instalado numa das pinças. <br />Assim a "coisa" vai operando até a última página existente dentro da pasta cinza.<br />Concluido o "trabalho", a gaveta é fechada e a "coisa" retorna pelo mesmo<br />caminho por onde entrou, apagando todas as pistas da "visita", borrifando um produto químico volátil<br />pelo caminho de retorno. <br />Os Snakers comemoram, e da Central de Controle parte uma ligação<br />para um angustiado executivo, um "CEO" da holding Reis e Irmãos Participações:<br />-O "serviço" foi feito com perfeição. As debentures originais foram<br />inutilizadas. <br />Comunicou o de chapéu para o jovem engravatado, que sentado<br />atrás de uma elegante mesa de mogno, instalada em um escritório da avenida Paulista, na cidade<br />de São Paulo, recebia como carícias aquelas palavras emitidas pelo telefone.<br />-Muito obrigado meu "amigo". Não sabe o peso que estes papéis representavam para mim.<br />Não sei como retribuir o favor. Isto vai me dar mais oxigênio para respirar.<br />-O que vais fazer com o resultado dessa "operação" não nos interessa. Quanto ao pagamento, <br />já lhe disse que a moeda de troca é lealdade e segredo. Se algum dia necessitarmos<br />de seus préstimos, pode ter certeza de que será chamado para quitar a divida de hoje.<br />-Certo, certo. Vou aguardar pelo seu contato então...<br />O jovem "CEO" não teve tempo de concluir a frase. O homem de chapéu de feltro desligou o telefone<br />murmurando algo inaudível, mas que se o jovem executivo engravatado escutasse, <br />não iria ter motivos para respirar tão aliviado.<br />-O-O-O<br />Vinte dias depois, três diretores da Ivestimenta olham estarrecidos para a documentação<br />contida na pasta de capa cinza. Não acreditam no que estão vendo.<br />Fazem diversos telefonemas simultãneos e nervosamente discutem entre si.<br />Um deles, o mais idoso, começa a balbuciar palavras desconexas e desaba no chão, para <br />o desespero dos outros acompanhantes, que gritam por socorro.<br />A "Reis e Irmãos Participações cobrou na justiça a capacidade da <br />Ivestimenta de resgatar os valores multimilionários dos contratos de preço futuro.<br />Os autores já sabiam que a Investimenta iria buscar nas debentures emitidas contra<br />a Reis e Irmãos Participações uma resposta ao litígio.<br />Isto foi estopim da implosão da finaceira da Investimenta, que não pode demonstrar<br />capacidade de realizar as inversões de valores diante dos demais acionistas.<br />Os papéis da Reis e Irmãos Participações representavam um quarto de todas as operações do<br />banco espanhol Alquires no Brasil.<br />Centenas de milhões de dólares simplesmente "evaporaram".<br />Um mês depois, o Banco Central decreta intervenção na Investimenta<br />Num jatinho particular Lear Jet cruza o oceâno Atalântico, levando os executivos da <br />Reis e Irmãos Participações, que brindam com champanha francesa em meio a valises recheadas <br />de notas de cem dólares.<br />Porém, somente um deles não sorri nem comemora.<br />É o jovem "CEO" que rememorava as ultimas palavras do homem de chapéu de feltro, que conhecera <br />na praia de Canasvieiras:<br />"...pode ter certeza de que será chamado para quitar a divida de hoje..."</strong><br />
<br /><strong>Fim de mais um episódio.</strong> <br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-27713585610674262942012-09-24T19:44:00.000-07:002014-10-23T17:14:34.347-07:008 - O ARAPONGA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMYdcuTxjbCddMmKk7KVd3mkz7FLZJkMtdza0vKpo3KOMS-fZfkRNofMlWCcnJMnWaysvrYnwezHkNzL-eWs4UJ6LYVVNjJHAbGopBIyvWcccGUNByrjmBpHZBn8pvom-fS1SUggyib8A/s320/snakers.jpg" /><br />
<a href="http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=pt&u=http://the-snakers.blogspot.com.br/2012/09/8-o-araponga.html" style="text-align: -webkit-center;"><span style="color: black; font-size: x-small;">Translate this weblog</span></a><br />
<div style="text-align: -webkit-center;">
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<span style="color: silver; font-family: Microsoft Sans Serif; font-size: xx-small;"><em>By <a href="http://www.ferramentasblog.com/" target="_blank">Ferramentas Blog</a></em></span><br />
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<span style="color: silver; font-family: Microsoft Sans Serif; font-size: xx-small;"><br /></span></div>
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<br />
O ARAPONGA<br />
<br />
A noite deita o manto escuro sobre Porto Alegre compondo um jogo instável de sombras com a luz tênue das luminárias no alto dos postes.<br />
Uma garoa fina e gelada cai incessantemente. Tudo é silêncio nas ruas do Jardim Planalto.<br />
Dentro de uma loja térrea, de um moderno edifício comercial da avenida Adda Mascaranhas de Moraes, algo move-se sorrateiramente.<br />
Silente, uma "criatura" não desperta a atenção do alarme de ultra-som e muito menos do vigia noturno, que na portaria a poucos metros dali, assiste uma gravação de um programa de entrevistas, supostamente<br />
transmitido "ao vivo" pela televisão.<br />
Nesta loja se instalara o comitê de uma coligação política, que reuniu uma dezena de partidos de todos os matizes, compondo uma colcha de retalhos, onde até velhos adversários juntaram forças para vencer a candidatura que governa a cidade e quer se manter no poder.<br />
A "coisa" vagueia pelos ambientes separados por divisórias de "m.d.f.".<br />
Recebendo comandos oriundos da Central de Controle, localizada em um pavilhão discreto do bairro Humaitá, a geringonça procura um alvo específico.<br />
Após um momento de indecisão, ela se estaca diante de uma porta fechada.<br />
A cabeça da "coisa" gira para lá e para cá, observando os painéis da divisória.<br />
Ergue-se, apoiada no próprio corpo e alonga-se, tal qual uma naja, até alcançar uma esquadria entreaberta próxima ao teto. Contorcendo-se, esgueira-se para dentro do cômodo, tocando suavemente o chão, como se fosse um réptil descendo de uma árvore.<br />
As lentes e sensores especiais de que é dotada, faz com que a "coisa" enxergue o que os olhos humanos não podem ver. Controlada à distância, ela vasculha o ambiente. Se dirige até o lado oposto à porta de entrada da saleta. Localiza e se posiciona diante do painel traseiro do computador que está sobre uma mesa. Automaticamente, um conjunto de pinças se projetam da cabeça da "coisa", formando uma mão com apenas três dedos. De um compartimento que se abre atrás do dorso do longo corpo cilindrico, é retirado um objeto semelhante a um "pen-drive". Com precisão,a mão cibernética o instala numa porta "u.s.b." disponível. Imediatamente um indicador luminoso começa a piscar num quadro de comando, dentro do baú de um caminhão Scania de cinco eixos, estacionado no quarteirão mais próximo do prédio do comitê.<br />
Todos os dados coletados pela geringonça anelídea viajam como a luz por um longo feixe de fibra ótica.<br />
A energia que alimenta a "coisa" também percorre o mesmo itinerário, através de cabos especiais de alumínio.<br />
No centro de Comando, os operadores vibram.<br />
A meta foi concluída com êxito. O dispositivo intalado vai interceptar todo o fluxo de dados entre a estação de trabalho e o servidor, aproveitando as propriedades das senhas dos eventuais usuários daquele computador.<br />
Um vírus infectará os sistemas e dará pleno controle da intranet alheia, burlando as barreiras criadas pelo "fire-wall" do servidor.Todo o tráfego de dados, com todas as informações sigilosas será repassado aos políticos inescrupulosos, solicitantes dos "serviços" da "organização". Remotamente controlada, a "coisa" investiga o conteúdo das gavetas e armários, abrindo pastas e escaneando textos. Todos os materiais são filmados. Terminado o "trabalho", a "coisa" recolhe as pinças e recua, voltando pelo mesmo caminho que tinha feito para entrar no prédio. No interior do baú do caminhão, vultos se agitam. Eles tem pressa.<br />
A "missão" foi concluída com êxito e eles tem de partir para longe dali. O motor ronca, recolhendo a "queridinha" daqueles espectros enclausurados na carroceria. Os agentes meliantes agora podem respirar aliviados. Ninguém viu ou notou algum movimento. Foi um "trabalho" limpo!<br />
Agora vão poder voltar para a "base".<br />
<br />
O-O-O-O<br />
<br />
Diante do monitor de um computador, lá na Sala de Controle, do pavilhão no bairro Humaitá, um homem sexagenário se mantém impassível. Ele sabe o alcance da influencia que a "missão" recém encerrada pode ter sobre os destinos da politica.<br />
Ele pega o celular e digita um numero. No outro lado da linha, uma voz rouca e feminina o congratula pelo feito. Ela o questiona sobre o "valor" dos "serviços" prestados.<br />
Relutante, Ele responde que o "preço" será bem mais salgado que os resultados políticos futuros que os "contratantes" possam usufruir.<br />
A entonação da voz ao telefone "congela" a investida da mulher no outro lado da linha.<br />
A voz rouca emudece.<br />
A dona desta voz sabe com quem está lidando.<br />
Sem trocar mais palavras, ELE termina a chamada.<br />
E debaixo das abas de um chapéu de feltro antiquado, ele lança um olhar frio direto nas imagens da propaganda politica estampada nas paredes, que a "coisa" acabara de enviar para o monitor na Central de Controle, direto do interior do comitê invadido.<br />
<br />
O-O-O-O<br />
<br />
Fim deste episódio.
<!-- Blogger automated replacement: "https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F3.bp.blogspot.com%2F-S8iK5nC21LI%2FUCgpaVpPdRI%2FAAAAAAAAAKw%2FB5FmgSJTCJk%2Fs320%2Fsnakers.jpg&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*" with "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMYdcuTxjbCddMmKk7KVd3mkz7FLZJkMtdza0vKpo3KOMS-fZfkRNofMlWCcnJMnWaysvrYnwezHkNzL-eWs4UJ6LYVVNjJHAbGopBIyvWcccGUNByrjmBpHZBn8pvom-fS1SUggyib8A/s320/snakers.jpg" -->wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-47771536720573913482012-08-31T14:54:00.003-07:002014-10-19T14:52:38.570-07:007 - O EXILADO<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj18uslmS_FIsqDkCJooZDMJegGxPFKQlMONjTbS7WESOkw5RziXfYT569s9xyeKP3yIki8IfL9ewr0OKpfaZoFqqAHoK5Uk6hEJ4Ao0ejSDowdgj4CTnNH11BFCymKuGwdYqKTkheCmGE/s1600/snakers.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj18uslmS_FIsqDkCJooZDMJegGxPFKQlMONjTbS7WESOkw5RziXfYT569s9xyeKP3yIki8IfL9ewr0OKpfaZoFqqAHoK5Uk6hEJ4Ao0ejSDowdgj4CTnNH11BFCymKuGwdYqKTkheCmGE/s1600/snakers.jpg" fea="true" /></a></div>
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><br />
<br />
<div align="center">
<a href="http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=pt&u=http://the-snakers.blogspot.com.br/2012/08/7-o-exilado.html"><span style="color: black; font-size: x-small;">Translate this weblog</span>
<br /><img alt="02bandeira-eua" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi_3cHxQhsv_5fSFK7CvpapHSwutQlBOBz7yrOuhgNpCjtCFhBYSGmGEbl36NVt8pZ4QH90n5SfelijY2jnyvw4r_F9Dj0eKrkQZVHk8m30wIT86C0t5Dk9cwZqL5vwxK4LUnotYPe9lqt/" height="30" style="border-bottom-width: 0px; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-top-width: 0px; display: inline;" title="02bandeira-eua" width="47" /><img alt="01bandeira-ingla" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqLlG4wDf1WUfJlc2ZOfif-XmvHws4ifKjhkFCKbzCuu2YLWF3BTuafENuwJy1I_VmcSVBvvzNyIuvOLTJKVzLi9y6gBj1Nbjmv_9iyrfeeTBkiy3yZrBzGsIVIuGWtBEGvcleJAtWx1Ol/" height="31" style="border-bottom-width: 0px; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-top-width: 0px; display: inline;" title="01bandeira-ingla" width="50" />
</a>
<br />
<span style="color: silver; font-family: Microsoft Sans Serif; font-size: xx-small;"><em>By <a href="http://www.ferramentasblog.com/" target="_blank">Ferramentas Blog</a></em></span> </div>
O noticiário acordou a cidade com manchetes disparadas por dezenas de repórteres acampados diante da embaixada do Uruguai em Porto Alegre. Um homem está lá dentro pedindo asilo, alegando perseguição política. As noticias desencontradas concordam num único ponto: o perseguido pretende escapar de uma extradição, pois está no rol dos foragidos da INTERPOL. Ele é procurado pelos governos onde teria cometido crimes de terrorismo e assassinato. O consulado uruguaio não se manifestou quanto ao pedido de abrigo, para não gerar uma crise diplomática com os governos ofendidos, que imediatamente reclamaram a deportação do criminoso.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A relutância da diplomacia platina em não atender o clamor internacional gerou protestos mundo afora. O representante uruguaio foi convocado pelo governo brasileiro a dar explicações, e o apoio dado ao asilado pelas organizações de direitos humanos, engrossou o caldo de ofensas e ameaças de retaliação entre os litigantes, instaurando uma crise política na região do Cone Sul. O governo norte-americano solicitou ao seu escritório para assuntos latino-americanos um acompanhamento do caso. O governo brasileiro emitiu apenas evasivas conclamando as partes ao diálogo, para não se envolver na questão. A imprensa internacional, ávida por mais espetáculo, publicou uma lista de atos supostamente cometidos pelo fugitivo. Em capítulos, como se fosse uma novela, foram ilustrando com gráficos e fotos, de assaltos à bancos até explosões em trens de passageiros, com estatísticas de mortos, feridos e prejuízos espalhados. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Todos os delitos foram praticados pelo grupo chefiado pelo senhor Arthur, que é o verdadeiro nome dele.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A fala grave do porta-voz do governo inglês aos jornalistas era enfática: dentro da embaixada latina estava um assassino frio e sanguinário. Ele devia ser preso, deportado e julgado pelos diversos crimes que cometera. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As declarações do diplomata provocaram a ira dos grupos simpatizantes do asilado, amontoados defronte à embaixada castelhana. Com palavras de ordem gritavam que todas as acusações eram suposições de uma farsa. A trama era destinada a sacrificar um inocente. Berravam com amplificadores de som que não sairiam dali até que os uruguaios e brasileiros garantissem salvo conduto ao sujeito, que queria ir viver em Montevidéo. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os ânimos foram se elevando. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O choque entre quem apoiava um lado e outro não tardou acontecer. As agressões verbais deram lugar a uma briga generalizada entre a polícia e as turbas que digladiaram numa luta campal. Bombas de efeito moral e cacetadas foram democraticamente distribuídas. Lojas fecharam as cortinas e moradores correram de um lado para o outro tentando escapar da violência, enquanto carros eram incendiados e pedras<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>voavam como foguetes.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Enquanto isso, negociações tensas no meio diplomático tentavam amainar os efeitos que a presença indesejada do terrorista estava causando em solo nacional.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Não é possível que os uruguaios mantenham ele lá indefinidamente. Cabe a nós dar um “salvo conduto” para ele sair do país, mas se fizermos isso estaremos provocando uma crise maior ainda. Falou um alto funcionário brasileiro ao premiê inglês.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Vocês não podem fazer isso sem o aval internacional. Contrapôs o bretão, num português crivado de sotaque.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Vamos evocar a Soberania de Estado. Isto é direito internacional reconhecido. Porém, só o faremos se não houver uma saída negociada para o impasse. Insistia o representante tupiniquim.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Estudem a questão com delicadeza. Tenha certeza de que os apoiaremos, desde que os nossos interesses não sejam ignorados. O inglês levantou-se da poltrona macia e após uma despedida rápida dos demais presentes naquela reunião, deixou a ampla sala do Ministério das relações exteriores. Os presentes se entreolharam com certo desânimo.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-E agora, o que faremos? O cônsul uruguaio foi convocado, mas até agora não nos deu resposta. O clima está muito ruim. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Argumentou um homem calvo que trajava elegante terno cinza, riscado de azul, combinando com a gravata de grife.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-O presidente já foi comunicado. Isto já foi além da diplomacia. Agora é entre Chefes de Estado.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Respondeu o que tinha acabado de falar com o bretão.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
0-0-0-0-</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Enquanto isso, na zona sul de Porto Alegre, numa mansão encravada no alto do morro São Caetano, um senhor sexagenário olha para a bela vista que tem do rio Guaíba pela vidraça do mirante construído justamente para isso. Ele tenta aliviar a angustia que o oprime desde que se instaurou a crise política. O exilado foi um companheiro de lutas passadas, que agora se tornou inconveniente. Com a visão da paisagem e uma tragada no cachimbo de marfim, tenta relaxar, mas não consegue. Volta-se quando o telefone toca. Um secretário particular atende ao chamado e lhe repassa o telefone:</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Senhor Orquiz, do consulado.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Obrigado Hortz. Pode sair e me deixar só? </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O sexagenário e dono da mansão, sabe que um pedido seu é uma ordem, que prontamente é atendida pelo subordinado fiel.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Boa tarde, “sir”! Falou o milionário, e uma voz familiar no outro lado da linha retrucou:</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Ele voltou.<br />
-Sim, ele mesmo. Respondeu o sexagenário à voz rouca que denuncia problema nas cordas vocais do interlocutor.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Tempos ruins esses. Isto lhe parece o quê? Pergunta Orquiz, num tom de voz que só quem viveu muito tempo em terras setentrionais pode ter.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Parece um pesadelo. Ele não podia ter surgido em pior hora. Pensei que ele estivesse morto.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Mas não está e agora nos põe em uma situação delicada. Pode nos deixar sem cobertura. Contrapôs Orquiz ao velho conhecido do outro lado da linha, que não esperou que completasse a frase:</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Temos que por fim nisso agora. Ele não pode sair do país, isto seria um desastre.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>suplica vinda de longe pelo telefone recebeu o rebote de um tom rude e enérgico na resposta de Orquiz, que ecoou por todo o mirante da mansão:</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Não se preocupe, velho amigo. Ele não vai sair vivo daquela embaixada.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Orquiz...Orquiz! Tome cuidado com o que vai fazer. Não nos exponha ou ele dará com a língua nos dentes e aí sim, estaremos perdidos.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Não se preocupe. Confie em mim. Nunca deixo uma pendência para trás. Tenho plena confiança num pessoal altamente especializado, que vai resolver este impasse para nós e fazer um “serviço” limpo.<br />
O velho amigo de outros tempos, do outro lado da linha, desabou numa caríssima cadeirinha de aproximação - um entre tantos itens exclusivos de quem tem muito dinheiro para gastar - parecendo que o coração vai lhe saltar pela boca;</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Por favor Orquiz, por favor, é tudo que lhe peço, não nos exponha. Os últimos que contrataste em Santiago só fizeram<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>merda. Foi muito difícil limpar toda a sujeira. E...</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não completou a fala e foi cortado pela voz de Orquiz:</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Desta vez nós acertaremos. Não se preocupe, amigo. Tudo vai dar certo. Confie.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Orquiz desligou e o amigo, hoje um abastado milionário, ficou olhando para o aparelho na mão. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> Ele l</span>evantou-se e se arrastou pelo amplo ambiente. Olhou demoradamente para uma moldura envidraçada, na qual pendiam medalhas e honrarias recebidas em outras épocas, pendurada acima da lareira. Foi quando combatia supostos comunistas em vários lugares do planeta. As insígnias perderam o significado nos atuais tempos. Eram lembranças que deviam há muito estarem enterradas, mas sempre alguma coisa escapava do controle<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e emergia como um pesadelo do passado. Um passado de muita morte, muitas mentiras e muito dinheiro “sujo”. Voltando ao presente, ele faz um chamado pelo secretário. Começou a se sentir suado e o velho coração lembrou-se dos defeitos da idade. O velho saiu à procura do remédio para a taquicardia, com as mãos tremulas e ofegante, que sempre usa debaixo da língua nas crises agudas. O secretário surge na porta e na hora soube: o patrão teria de ser levado para o hospital.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
-0-0-0-</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> Alguns dias depois....</span><br />
Em outro ponto da mesma cidade, próximo da quadra onde se localiza o prédio da embaixada uruguaia, um caminhão Scânia de cinco eixos se movimenta lentamente, procurando um lugar para manobrar e estacionar. Dentro do baú, técnicos manipulam alavancas e computadores. Recebem ordens vindas de longe, da Central de Controle. Eles dão vida ao arauto, a "coisa". A rua defronte ao consulado está bloqueada e vigiada dia e noite pela policia. Os manifestantes foram afastados e mesmo assim, permanecem fazendo algum barulho por ali. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Dentro do prédio, o pivô da crise, já barbeado e de banho tomado, saboreia uma refeição oferecida pelos anfitriões. Ele sorri, despreocupado com os últimos acontecimentos. Enquanto conversa e degusta nacos de assado de javali ao vinho do porto, vai tracejando planos para o futuro: comprar uma fazenda e criar gado de corte nobre. Questionado como fará isso, ele argumenta que tem “algum” dinheiro guardado. Um companheiro de prato lembra que ainda não chegou resposta do governo brasileiro para o translado seguro até o aeroporto. O ex-terrorista para de comer por alguns instantes, fica apreensivo, mas ignora o comentário.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Após aprovar o manjar que lhe fora oferecido, o fugitivo da INTERPOL diz que vai para a suíte destinada aos hóspedes, acompanhar<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>as noticias pela televisão. Levanta-se da mesa e se despede, sob o olhar parado dos que nela ainda estavam.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Arthur entra no quarto e se tranca. Debaixo da cama retira uma maleta tipo 007. Abre e confere o conteúdo: barras de ouro, celular via satélite, documentos falsos e uma pistola .45, carregada para alguma eventualidade. Era tudo o que ele julgava precisar para recomeçar a nova vida, se tudo desse certo, tal como planejara. Ele tinha algumas autoridades uruguaias “na mão” e não seria difícil obter o visto permanente. O problema estava em solo brasileiro, mas ele ia deixar a diplomacia uruguaia resolver. Que eles se virassem. Algumas autoridades platinas lhe deviam isso. Liga a televisão sem prestar a atenção na programação. Aumenta o volume. Pega o celular e tecla alguns números. Fica aguardando até que alguém atende.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Alô! Diz uma voz feminina que recebeu a ligação.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Sou eu. Estou falando da embaixada. Prepare tudo. Logo, logo vou sair daqui.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Já conseguiu salvo conduto?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Ainda não, mas está quase lá. Eles não vão me deixar na mão, depois de tudo que fiz. Eles sabem que não podem....</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Um ruído de algo sendo arrastado interrompe a concentração do terrorista, que se desliga do telefonema e procura com o olhar a origem do barulho. Instintivamente saca a pistola e a engatilha. Ele tomba o telefone na cama enquanto a mulher no outro lado da linha continua a falar, sem saber que não está sendo mais ouvida. Ele se levanta e caminha com desconfiança até o banheiro. Cuidadosamente empurra a porta para aumentar o ângulo de visão. O banheiro da suíte é amplo para acomodações destinadas à hospedes. Ele não consegue ver muita coisa na penumbra e procura o interruptor na parede, ao lado da porta, com a mão direita, enquanto empunha a arma na outra mão. Procura aguçar os sentidos. Quando enfim os dedos tocam o interruptor e acende a luz, o fugitivo leva um susto e se joga para trás, desequilibrando o corpo enquanto aperta o gatilho. Uma “coisa” que só tinha visto em telas de cinema de terror avança em sua direção. Ele aperta o gatilho e vários tiros da arma de repetição se espalham pelas paredes e teto. Ele tenta inutilmente mirar no “alvo”, que se movimenta com agilidade impressionante. A “coisa” é mais rápida e se lança num bote mortal contra o homem, que com olhos esbugalhados berra por socorro. Os outros habitantes da embaixada correm com armas em punho. Há um alvoroço dentro e fora do prédio da embaixada. O cônsul é o primeiro a ser levado para o sub-solo, num movimento ensaiado à exaustão pelos seguranças. Na rua, os policiais atônitos sacam das pistolas e disparam ordens para controlar a turba, que ameaça romper os cordões de isolamento. No corredor que dá acesso aos quartos do primeiro andar do prédio da embaixada, os agentes esbarram na porta do quarto de hóspedes trancada por dentro. Como não sabem o que está acontecendo, gritam pelo infeliz que está trancado no aposento. O que escutam é somente o alto som da televisão. Um oficial dá ordem para arrombar a porta e a mesma é posta no chão aos chutes. Os seguranças avançam apontando as pistolas em todas as direções e a única visão que eles tem é a do terrorista jogado no chão, ainda com a arma descarregada na mão. Ele está com os olhos arregalados e numa expressão de pavor. Um segurança aproxima o ouvido do rosto da vitima, estirada no meio do quarto. Um som quase inaudível sai da boca do criminoso mais procurado do planeta: “é um monstro”.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Balbuciou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e se silenciou para sempre, para espanto de todos aqueles agentes armados e boquiabertos.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
-0-0-0-</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quinze dias depois e após a imprensa ter divulgado uma nota da embaixada uruguaia lamentando a morte do ilustre hospede, alegaram foi "suicídio por overdose de paralisante muscular", que não conseguiram identificar. Não explicaram as circunstancias em que se deu a “intoxicação”. O corpo foi levado para um crematório e as cinzas enviadas para o país de origem do terrorista. Todos os que foram prejudicados pelas ações do terrorista no mundo, se rejubilaram: a justiça finalmente foi feita. Os governos envolvidos, ficaram perplexos, mas silenciaram os respectivos embaixadores.<br />
Enquanto isso, no bairro Teresópolis, numa mansão do Morro São Caetano e diante do mirante, um senhor sexagenário bebe uma taça de vinho do porto dividida com seu amigo Orquiz. Brindam o desfecho súbito dos últimos acontecimentos. Estão aliviados e confraternizam enquanto olham para o majestoso e plácido Guaíba, enquanto o Sol desenha uma imagem semelhante a uma serpente sobre o lago. A mesma que um homem, dono de um chapéu de feltro, também enxerga lá em Ipanema, sentado à mesa de um restaurante defronte a orla.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Fim de mais este episódio.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><br />
<br />
<span style="mso-spacerun: yes;"><a href="https://plus.google.com/u/0/114626044795714305855/posts/SyZ47bZwFn6#114626044795714305855/posts/SyZ47bZwFn6">https://plus.google.com/u/0/114626044795714305855/posts/SyZ47bZwFn6#114626044795714305855/posts/SyZ47bZwFn6</a></span><br />
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div>
wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-61447948004202322002012-08-21T19:47:00.000-07:002012-09-10T18:57:43.958-07:006 - REFÉNS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<div align="center">
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<br /><img title="02bandeira-eua" style="border-top-width: 0px; display: inline; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="30" alt="02bandeira-eua" src=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi_3cHxQhsv_5fSFK7CvpapHSwutQlBOBz7yrOuhgNpCjtCFhBYSGmGEbl36NVt8pZ4QH90n5SfelijY2jnyvw4r_F9Dj0eKrkQZVHk8m30wIT86C0t5Dk9cwZqL5vwxK4LUnotYPe9lqt/ width="47" border="0" /><img title="01bandeira-ingla" style="border-top-width: 0px; display: inline; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="31" alt="01bandeira-ingla" src=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqLlG4wDf1WUfJlc2ZOfif-XmvHws4ifKjhkFCKbzCuu2YLWF3BTuafENuwJy1I_VmcSVBvvzNyIuvOLTJKVzLi9y6gBj1Nbjmv_9iyrfeeTBkiy3yZrBzGsIVIuGWtBEGvcleJAtWx1Ol/ width="50" border="0" />
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<br /><font face="Microsoft Sans Serif" color="#c0c0c0" size="1"><em>By <a href=http://www.ferramentasblog.com/ target="_blank">Ferramentas Blog</a></em></font> </div>
O expediente se inicia como todos os dias: ela é a primeira a chegar.<br />
Abre a cortina de ferro da loja de roupas femininas que a irmã resolveu abrir numa galeria da rua Mostardeiro. Acende as luzes, desliga o alarme e abaixa a cortina o suficiente para deixar a porta semiaberta, para que as outras funcionárias possam também entrar no estabelecimento. Faz um ano que o negócio prospera, com excelentes vendas e lucros. Ela e a irmã já pensam em ampliar a loja. Dirige-se para o fundo da loja, onde estão os caixas, o depósito e a escada que dá acesso ao mezanino e administração. Confere algumas notas no caixa e sobe para o escritório. Antes, passa numa pequena copa e prepara o costumeiro café. Da copa vai até o vestiário e põe o uniforme azul com emblema da loja. Entra no escritório e liga um dos computadores. <br />
Neste momento, ouve um barulho de algo caindo no chão. Pensando ser algum colega de trabalho, não presta atenção e se volta para a tela do monitor. Ouve passos rápidos subindo a escada. Resolve se levantar chamando pelo nome da sub-gerente Márcia e quando aponta o nariz no pequeno corredor, leva um susto: um homem magro, de jaqueta e touca, lhe aponta um revolver. <br />
-Fica quieta e entra aí! Berra ele para ela que dá um grito agudo tardio.<br />
Ele avança e a empurra para dentro do escritório com violência. <br />
-Calada! Onde é que tá o cofre? Vomita! Cadê o cofre? Urrou o estranho enquanto a sacudia pelo braço. Nisso ouve outros passos. <br />
-Noêmia? Você está aí? <br />
O sujeito arregala os olhos e enfia o cano da arma contra o rosto da assustada vitima: <br />
-Quem é essa? Não vou perguntar de novo. A apavorada, já rezando a quinta prece, tenta controlar o choque e balbucia: <br />
-É...é...a minha colega...falou tremendo toda. <br />
-Fica quietinha. Nem um “psiu”. <br />
Os dois ficaram em silêncio. Marta subiu a escada e se dirigiu à copa. Como estava vazia, seguiu pelo corredor e estacou qual um poste. <br />
Noêmia estava chorosa, de pé ao lado de um estranho e com uma arma apontada para a cabeça. <br />
-Aí! Isto é um assalto, mané! Vou fazer essa loja hoje. Você fica quietinha e entra! Não quero queimar ninguém. O malandro passeava o cano da arma pelo ar, indicando a porta da sala. <br />
Marta sentiu as pernas tremerem, mas obedeceu. <br />
Entrou e foi empurrada para dentro. Elas estavam nervosas e trêmulas. <br />
-Pega o que quiser, mas solta a gente. Falou Noêmia, quase engasgando. <br />
-Cala a boca! Já te disse o que quero! Rosnou enquanto esfregava a arma no peito dela. <br />
Marta olhava para a outra e não sabia o que dizer. <br />
-Cadê o maldito cofre? Vociferou e olhou com raiva para as duas apavoradas. <br />
Enquanto isso, um policial militar chamado por um taxista, que viu o homem aproveitar o vão da cortina para entrar na loja, faz um ruído que desperta a atenção do meliante. O mesmo reage iniciando um tiroteio dentro da loja. <br />
O soldado se atira pelo vão ainda aberto da porta e corre para se abrigar atrás de um carro estacionado. O homem de touca empurra as mulheres para o fundo da loja, gritando e gesticulando muito. O soldado chama reforços e em minutos o local está cercado, com um formigueiro de policiais fervilhando, e o transito é interrompido. Uma equipe de Tv vai ao local e começa a cobertura dos eventos numa transmissão ao vivo. Negociadores chegam e travam uma batalha verbal e psicológica com o infrator, que passa a fazer exigências para soltar as reféns. <br />
O comando da polícia reluta em atender aos blefes do criminoso e um plano de invasão da loja é elaborado. Pela televisão, os parentes das vítimas se desesperam. Correm para o local, mas a policia os mantém longe do cenário. Assim, a tentativa de assalto frustrada inicia um longo e tenso período, digno de filmes de cinema. O homem desconhecido dispara em direção do térreo para intimidar e grita ameaças contra as reféns se não for atendido. A polícia não sabe como preservar a vida das duas seqüestradas e pegar o meliante. <br />
O dia corre. Dez horas depois, em outro local... <br />
Um telefonema nervoso faz o dono do chapéu de feltro se encontrar com um outro homem tenso, numa praça no centro de Porto Alegre. <br />
-Não me olhe assim. É minha sobrinha que está na mão daquele delinqüente e assassino. <br />
O homem, que solicitara um encontro urgente com o porta-voz da misteriosa "organização", fumava muito, com longas tragadas. De cabelos escuros e tez morena, aparentando não mais de cinqüenta anos, explanava para o de chapéu, os últimos acontecimentos de que teve notícia pela televisão. Descreveu a angústia ao saber de que um parente é uma das seqüestradas. Narrou a “via crucis” pelos meandros da polícia para obter informações, sempre respondidas em gélidas evasivas e declarações de que tudo estava sob o controle. Resolveu apelar para todos conhecidos, quando uma amiga lhe deu um cartão com o holograma de uma serpente. Ela lhe contou que foi ajudada pela “organização” e que se tornou uma “seguidora” fiel, por isso lhe indicava um caminho pouco ortodoxo para salvar a sobrinha cativa. <br />
-Acalme-se. Não se consegue nada se estando nervoso. Tenha calma. Pediu o homem debaixo de abas curtas sombreando os olhos claros. <br />
-Escute aqui: me disseram que só você pode resolver isso e acabar com este seqüestro.. <br />
-Quem disse? <br />
-Esta pessoa. O homem mostra para o de chapéu de feltro a foto de uma mulher. Prontamente a reconheceu: é a esposa que queria aliviar a dor do marido com uma doença terminal. <br />
-Reconheço esta pessoa, mas como posso ter certeza de que ela conversou com o senhor? O olhar do homem de chapéu vasculhava algum sinal delatador de mentira no rosto do outro. <br />
O interlocutor lhe alcança um cartão com o holograma. O homem de chapéu de feltro observa o cartão na mão do tio aflito e toma uma decisão. <br />
-Muito bem. Vou interferir no trabalho das autoridades e salvar sua protegida. Fique o senhor sabendo que estará em dívida comigo. <br />
-Eu pago. Diga-me o valor que eu pago. <br />
O homem de chapéu, em pé e defronte para o outro, dá um sorriso e explica: <br />
-Não estou interessado no seu dinheiro. Dentro em breve terás notícias minhas. <br />
Tão logo acabou de falar, virou-se e sumiu na confusão da rua, abandonando o tio da vitima no meio da praça. O sujeito ficou tão extasiado com a atitude daquele senhor misterioso, com um chapéu fora de moda, que pensou ter sido uma péssima idéia ter pedido ajuda para um estranho. Neste momento, o pai de uma das vitimas liga logo em seguida após a curta conversa no meio da praça: <br />
-E aí? O que conseguiu? Fala de uma vez! <br />
-Não sei. Não conheço este cara, mas parece seguro de si e falou que vai ajudar. Só não disse como. <br />
-Eu estou temendo pela vida dela! <br />
-Olha, vamos procurar a policia novamente e ver se eles nos dizem algo. Também estou nervoso com a situação. Depois eu te ligo. <br />
Desligou o celular e mirando o largo à frente, virou-se e tomou rumo em direção ao Palácio Da polícia. <br />
-0-0-0-0-<br />
Três horas após, em outro ponto da mesma cidade. <br />
Um caminhão Scânia de cinco eixos manobra numa rua calma, fora da área isolada pela policia, mas próximo o suficiente do perímetro vigiado pelas forças de segurança. O motorista vasculha a região com uma câmera de trezentos e sessenta graus, instalada no teto do baú, sem sair da cabine e através de um monitor. <br />
Pelo fone acoplado na orelha, recebe e transmite informações. <br />
-Tá tudo limpo. Posicionado em cima da “estação”. "Tá ligado"? <br />
Ele aguarda o retorno, que não demora: <br />
-Ok! Vamos iniciar o procedimento. Engate o motor. <br />
-Ok! <br />
O motorista movimenta uma alavanca e aciona uns botões no painel. O motor possante do caminhão responde com um ronco característico de ter subitamente se acelerado, para logo em seguida girar quase sem ruído. <br />
Dentro do baú da carroceria, fechados dentro do caminhão, silhuetas se movem. <br />
Um conjunto de monitores e computadores brilham. <br />
Um alçapão é aberto no assoalho do chassi do veiculo. Homens movimentam outra pesada tampa de ferro que se encontra logo abaixo do caminhão. <br />
-Posicionem logo que vamos iniciar a viagem. <br />
Ordenou um dos homens envolvidos na operação. <br />
-Manda ver-falou outro deles. <br />
Imediatamente a “coisa” se põe em movimento. Tudo o que ela “vê” e “sente” é diretamente transmitido para uma Sala de Controle, localizada num pavilhão discreto em algum ponto do bairro Humaitá, na zona norte da cidade. <br />
-0-0-0-0-<br />
Voltando à cena do crime:<br />
Enquanto isso, no mezanino da loja, entrincheirado no vestiário junto com as reféns, o meliante negocia os termos da fuga com um tenente pelo celular de uma das vitimas: <br />
-Quero um carro forte, com bastante gasosa, com motora e trezentos “paus” em notas de cinqüenta. Não quero policia por perto, se não mando bala, entendeu? <br />
-Tudo bem, tudo bem, mas acalme-se, “tá” bom? Estamos providenciando. <br />
O tenente desliga e olha para o soldado ao lado. <br />
-Contate com as “operações especiais”. Vamos cansar ele e depois invadir. Corte água e luz e faça bastante barulho. Usa tudo o que tiver ao alcance para manter ele sempre ocupado, enquanto ganhamos tempo. Chama alguém da “especializada”, pois vamos precisar. E afasta os curiosos daqui. <br />
O subordinado concorda num sinal com a cabeça e se retira. <br />
O tenente fita o prédio e já imagina o “estrago” produzido se a situação piorar, mas não suspeita que perto dali, um grupo furtivo também se movimenta. <br />
0-0-0-0-0<br />
Quarenta e cinco minutos depois, na Sala de Controle: <br />
-Achei a entrada, é esta aqui! Aponta o “engenheiro” para uma abertura na parede de uma espécie de caixa, que aparece na imagem piscante e trêmula de um monitor. <br />
-Vamos entrar. Falou alto outro presente na Sala.<br />
Então a “coisa” avança silenciosamente pelas entranhas do prédio. Ora ela retrocede o movimento, ora se contorce, mas sempre avançando em direção do “alvo”. <br />
Enquanto isso, dentro da loja, o criminoso olha para uma das jovens e se maravilha com o que vê: <br />
-Aí gata. Tu é muito boa, muito cachorra, viu só?<br />
-Tu “ta” na minha ou não? <br />
Olha para ela como quem vai degustar um filé pela resposta. <br />
Ela balança negativamente ao que ele se aproxima, puxa os cabelos de Noêmia e lhe dá um beijo violento, que ela rechaça com um safanão. Diante da reação da jovem, ele lhe dá uma bofetada. <br />
-Tá fazendo doce é? Pois fica ligada: depois desta parada aqui, ó-balança a arma para as duas-vocês vão ser minhas “cachorras”! <br />
E dá um sorriso debochado, mostrando uma coleção dentes muito brancos na boca. <br />
Um ruído quebra o encantamento do aventureiro.<br />
O marginal se apruma curioso. <br />
Novamente outro ruído vindo do vestiário lhe desperta os instintos de sobrevivência. Faz um sinal com a arma para as duas ficarem em silencio. E elas encolhem-se abraçadas uma na outra. <br />
O biltre move-se lentamente em direção do corredor que dá acesso aos banheiros. <br />
Estica o olhar para dentro da peça cuidadosamente, e tremendo, empurra a porta. <br />
-Mas que "porra" é essa?<br />
O que vê não lhe dá tempo de pensar no que é. <br />
Num impulso instintivo mira e ao tentar atirar, sente uma dor muito forte no peito. <br />
Parece que todos os músculos do corpo enrijeceram. <br />
Perde as forças e os sentidos e desaba no chão, e antes que tombe desmaiado, aperta o gatilho. <br />
O projetil ricocheteia no chão e atravessa a vidraça de uma janela, estilhaçando-a. As duas mulheres apavoram-se, achando que serão mortas. <br />
A policia do lado de fora, aos gritos, reage despejando uma saraivada de outros tiros, até uma ordem de “cessar fogo” é berrada pelo tenente. <br />
As reféns miram o marginal estirado no chão, como se estivesse tendo convulsões. <br />
Olham-se e não esperam aviso: saem dali correndo com todas as forças que possuem nas pernas. <br />
Os agentes do Grupo de Operações Especiais lançam granadas de efeito moral e invadem a loja, armados para uma batalha campal, e se deparam com um cenário surreal: o criminoso está vivo e desacordado, tombado no chão e trêmulo. As moças são conduzidas em estado de choque para a rua.<br />
Os policiais levam o ladrão algemado para o hospital. Ele balbucia coisas incompreensíveis. <br />
As reféns são acolhidas pelos parentes e colegas e a policia é ovacionada pela turba que se reuniu atrás da fita zebrada de “não ultrapasse”. <br />
O delegado e o tenente se questionam o que teria acontecido. <br />
Vasculham a loja para entender o que teria motivado o tiro. <br />
Um dos soldados notou dois pequenos ferimentos no dorso do homem, mas não soube explicar a causa. <br />
O delegado vasculha o local e constata que alguma “coisa” se arrastou por ali. <br />
O que teria sido? O delegado tira fotos com o celular da cena e pede ao tenente que “esqueça” tudo o que aconteceu, ao que o oficial enruga o cenho sem entender a proposta.<br />
Enquanto isso, um caminhão Scânia desliza discretamente para longe do local do tiroteio. <br />
-0-0-0-0<br />
Uma semana depois, na mesma praça no centro de Porto Alegre onde se iniciou este episódio: <br />
-Muito obrigado pelo que fez pela minha família. O senhor salvou minha filha. <br />
Falou um pai aliviado. <br />
-Ótimo que tudo tenha terminado bem. Disse o homem do chapéu de feltro. <br />
-O que posso fazer para lhe retribuir? <br />
-Somente três palavras: lealdade, discrição e segredo. <br />
Disse, sorriu e cumprimentou o outro, tirando e repondo o chapéu na cabeça, para logo sumir em meio a agitação que começava a tomar conta da praça mais famosa da cidade: a Praça da Alfandehga. <br />
<br />
Fim de mais um episódio. <br />
<br />
Aguardem o próximo. wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-30722193819223705592012-08-12T10:45:00.001-07:002014-10-19T15:16:25.251-07:005 - EUTANÁSIA: O ENFERMO <div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMYdcuTxjbCddMmKk7KVd3mkz7FLZJkMtdza0vKpo3KOMS-fZfkRNofMlWCcnJMnWaysvrYnwezHkNzL-eWs4UJ6LYVVNjJHAbGopBIyvWcccGUNByrjmBpHZBn8pvom-fS1SUggyib8A/s1600/snakers.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMYdcuTxjbCddMmKk7KVd3mkz7FLZJkMtdza0vKpo3KOMS-fZfkRNofMlWCcnJMnWaysvrYnwezHkNzL-eWs4UJ6LYVVNjJHAbGopBIyvWcccGUNByrjmBpHZBn8pvom-fS1SUggyib8A/s320/snakers.jpg" height="320" kda="true" width="311" /></a></div>
<br />
<div align="center">
<a href="http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=pt&u=http://the-snakers.blogspot.com.br/2012/08/5-o-enfermo.html"><span style="color: black; font-size: x-small;">Translate this weblog</span>
<br /><img alt="02bandeira-eua" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi_3cHxQhsv_5fSFK7CvpapHSwutQlBOBz7yrOuhgNpCjtCFhBYSGmGEbl36NVt8pZ4QH90n5SfelijY2jnyvw4r_F9Dj0eKrkQZVHk8m30wIT86C0t5Dk9cwZqL5vwxK4LUnotYPe9lqt/" height="30" style="border-bottom-width: 0px; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-top-width: 0px; display: inline;" title="02bandeira-eua" width="47" /><img alt="01bandeira-ingla" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqLlG4wDf1WUfJlc2ZOfif-XmvHws4ifKjhkFCKbzCuu2YLWF3BTuafENuwJy1I_VmcSVBvvzNyIuvOLTJKVzLi9y6gBj1Nbjmv_9iyrfeeTBkiy3yZrBzGsIVIuGWtBEGvcleJAtWx1Ol/" height="31" style="border-bottom-width: 0px; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-top-width: 0px; display: inline;" title="01bandeira-ingla" width="50" />
</a>
<br />
<span style="color: silver; font-family: Microsoft Sans Serif; font-size: xx-small;"><em>By <a href="http://www.ferramentasblog.com/" target="_blank">Ferramentas Blog</a></em></span> </div>
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O homem do chapéu de feltro está junto de uma mulher de meia idade, que sentada ao seu lado, na parte superior descoberta do ônibus que faz a “Linha Turismo” em Porto Alegre, rodando pelos pontos considerados “turísticos” pela Prefeitura, escuta dela lacrimosos pedidos para que “acabe” de vez com o sofrimento do marido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A mulher já lhe tinha mostrado o “passaporte” para atingir o objetivo nefasto à que se propunha: eliminar o marido enfermo, diagnosticado com Mal de Parkinson, preso ao leito de um grande hospital particular da cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Como a senhora conseguiu este cartão? Falou o homem do chapéu de feltro olhando o objeto que ela balançava na sua frente e cobrando-lhe o que ELE prometera a outros antes dela: atenção ao pedido suplicante de “ajuda”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Um advogado que nós dois conhecemos me repassou este cartão, com a recomendação de que eu mantivesse discrição e segredo sobre o nosso encontro. Fiquei surpreendida com a rapidez com que o senhor veio ao meu encontro. O “meu”, digo, “nosso” amigo, me aconselhou também a não perguntar o seu nome.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O homem do chapéu olhou surpreso para ela. Ele nunca imaginou que alguém fosse optar por aconselhar outro a tratar com estranhos e anônimos, assuntos tão delicados. Tentaria explorar mais o terreno em que estava pisando. Precisava captar da mulher tudo que fosse necessário para entender as forças que a levavam tomar atitude tão extrema contra o marido. E experiência com propósitos escusos não lhe faltou em diversos “pedidos” semelhante e já atendidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A mulher lhe narrou a gradual evolução da doença degenerativa, que comprometia mais e mais o sistema nervoso do marido, debilitando-o lentamente e dificultando-lhe o menor movimento, até torna-lo totalmente dependente de outras pessoas. Coisas simples e prosaicas, como levar um copo à boca para tomar uma bebida qualquer, ele já não podia mais. Ela teceu pormenores do martírio e o padecimento do marido e à situação a que ela está submetida, decretada pelo diagnóstico cruel de que ele nunca mais voltaria a ser o homem ativo que um dia ela conhecera. Entre lágrimas descreveu que ao fita-lo nos olhos, lhe perguntara qual o mais profundo desejo do resto de vida dele, e entre mal balbuciados sons proferira a palavra que iria definir a atitude dela: morte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O homem de chapéu de feltro a tudo ouvia calado observando despreocupadamente a paisagem do itinerário do ônibus, que por vezes alcançava a copa mais alta dos caramanchões a muito tempo plantados nas calçadas da cidade. A mulher percebendo que nenhuma reação obtinha do homem calou-se e virou o rosto para frente um pouco decepcionada. Alguns minutos de silêncio depois, o homem do chapéu se reconecta à realidade:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-A senhora foi informada do que minha "organização" pede pelos “serviços” prestados?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Falou lhe dirigindo um olhar azul penetrante, tentando vasculhar a alma da mulher.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Não temos muito dinheiro, mas se for preciso se dá um jeito. Disse ela encarando o rosto simpático do homem, que lhe parecia mais jovem no jogos de luz e sombra que a paisagem criava sobre o ônibus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Não cobramos valores e sim algo muito mais caro. Disse ele sem titubear.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-O senhor tem o seu preço. Diga-me o valor para ver se posso pagar. Ela estava achando que não conseguiria nada com aquele sujeito que teimosamente se mantinha de chapéu, mesmo contra o vento que o movimento do ônibus produzia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Já lhe disse que não queremos dinheiro. </span><br />
<span style="font-family: Calibri;"> ELE continuava a perscrutar o olhar dela, que ela também retribuía fitando-o, como se trocassem uma energia misteriosa tentando uma comunicação não verbal. </span><br />
<span style="font-family: Calibri;"> ELE à observou melhor: os cabelos loiros, levemente grisalhos escorridos pelos ombros pequenos, o olhar castanho –“cor de tempestade”, pensou ELE- um olhar misterioso e implorando para ser explorado, o porte delicado do corpo curvilíneo dela demonstrava que uma preocupação com uma estética e elegância no vestir, que O impressionava. A boca pequena dava-lhe um aspecto de boneca, embora no rosto de traços delicados já despontassem as marcas do tempo e das agruras que sofria. Desconcertado com a situação, ELE se recompõe e desvia o olhar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Então me diga o senhor o que eu tenho de fazer para que me ajude? </span><br />
<span style="font-family: Calibri;"> Questionou ela, temendo e esperando por uma resposta que a comprometesse de alguma forma. Ela já estava desejando isso desde que vislumbrou a majestade daquele homem misterioso, discretamente trajado, cujos cabelos cinza e o olhar instigante lhe inquietara já no primeiro contato.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Apenas vamos cobrar lealdade, discrição e segredo para com nossa "organização". Preciso que Me repasse alguns dados essenciais para o sucesso do “feito”, tais como: em qual leito e de que hospital, quem cuida dele, horários da rotina destas pessoas e quem pode interferir no nosso “trabalho”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Ela resplandeceu num belo sorriso, que ELE evitou encarar para não demonstrar que estava esmorecendo diante de uma mulher que LHE derrubou as defesas. Ela levantou a mão para tocar-lhe em agradecimento, mas foi em vão. O ônibus freava para uma parada estratégica no mirante do Morro de Santa Teresa. ELE aproveitou e se levantou repentinamente, encarando-a <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>já na escada que dá acesso ao andar inferior do ônibus:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Terá notícias minhas. </span><br />
<span style="font-family: Calibri;"> Num gesto de despedida, levantou e repôs o chapéu na cabeça, coberta de cabelos curtos, lisos e claros como algodão, com o melhor sorriso que pode um homem demonstrar para uma mulher, sumindo logo em seguida do campo de visão dela, que tentava segurar a ânsia de reencontrá-lo novamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"> Dez dias depois, um caminhão baú de cinco eixos, com um potente motor Scânia realiza manobras numa rua atrás do hospital particular Sagrado Coração, localizado num bairro de classe média alta da zona sul, e comandado por freiras especialistas mais em coisas terrenas do que divinas. Dele desce o motorista gordo, enquanto o auxiliar de manobras permanece na cabine. Os dois enfiados em macacões cinza e com bonés na cabeça, vasculham o entorno. O gordo distribui cones, placas e fitas de sinalização de trânsito interrompido em volta do caminhão. Pelos fones de celular, eles se comunicam com a Central de Comando da "organização". O motorista fala para o auxiliar de manobras e apontando para o próprio olho:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Fica esperto. Qualquer movimento você já sabe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-“Tô ligado”, gracejou o auxiliar, verificando o campo de visão de uma câmera especial - instalada no topo do baú - num monitor dentro da cabine. O motorista abre uma porta lateral e some dentro do baú. Em seguida, um rosnar do motor indica que outro mecanismo “estranho” foi ativado e ganhou vida. O auxiliar de dentro da cabine varre a movimentação de pedestres e automóveis, transmitindo tudo para o motorista gordo, que dentro do baú refrigerado, vai ligando botões e válvulas de comando, que transmitem potência e energia para a “coisa”, que responde com violência aos comandos vindos de fora, localizado num pavilhão industrial discreto e em algum ponto do bairro Humaitá, em Porto Alegre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Levantei tudo sobre o hospital. Cara, tu precisa ver o luxo da coisa. Tá ligado? Parece mais um hotel cinco estrelas! Falou um impressionado jovem de óculos com um boné da Nike.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Então te hospeda lá! Falou outro, de barba e óculos fundo de garrafa e cara cheia de sardas, rasgada por um nariz protuberante, operando uma alavanca parecida com um joystick.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Se liguem. Nico, já baixou os arquivos? Interrompeu o gracejo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>outro conhecido por “engenheiro” e que manipula uma alavanca cheia de botões parecida com “joystick” de vídeo-game, enquanto mirava a tela de um monitor LCD com imagens, em que visualizava uma sequencia de plantas baixas e perfis de um edifício. Um ponto colorido piscava intermitentemente enquanto se deslocava pelos desenhos formados por gráficos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Sim, já na tela. Desta vez tomei o cuidado de verificar os certificados de autenticidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Ok. Respondeu o "engenheiro".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Entramos! Anunciou o de óculos fundo de garrafa, com o olhar fixo nas imagens transmitidas ao vivo pelas lentes sofisticadas da “coisa”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Muito bem. Vamos seguir o plano passo à passo. Direto ao décimo andar. Comandou o "engenheiro".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Quarenta minutos depois, a “coisa” chega na ala do andar reservada ao Centro de Tratamento Intensivo. É um corredor largo, com leitos – separados por falsas paredes – monitorados e com diversos aparelhos mantenedores de vida. Todos estes leitos estão plugados aos pacientes - de diversas idades e sexo - que pouco se mexem, parecendo múmias que tentam se levantar da tumba. Um paciente não vê o outro, mas todos os leitos são observados por câmeras estrategicamente instaladas nos quartos. No meio da área fica o balcão da enfermaria e saletas destinadas aos médicos, que diante de computadores e monitores, acompanham o que acontece no andar. Ao lado das saletas fica a farmácia, os vestiários com banheiros e o almoxarifado. O andar está calmo. Não há ocorrência que exija correria e nervosismo, como sempre ocorre próximo ao momento de um óbito. Apenas uma enfermeira trabalha tranquila, fazendo apontamentos em um prontuário preso numa prancheta de metal. A “coisa” lentamente sai do “corpo” que a transportou até ali e passa por uma porta esquecida aberta no vestiário. Move-se silenciosamente, mas monitorando tudo ao redor. Qualquer movimento que se fizer próximo, a “coisa” imediatamente transmite ao “comando” instalado lá no bairro Humaitá. A "coisa" vasculha o ambiente. Percorre o corredor e se dirige a determinado leito. Parece indecisa. Recua até outro leito. Estica-se para confirmar a identidade do doente. Recolhe-se e volta. Vai até outro leito. Faz a mesma manobra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-É ele! Alegra-se o de barba e óculos fundo de garrafa e cara cheia de sardas operando uma alavanca parecida com um joystick e de olho na imagem do homem no monitor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Não vamos perder tempo. Contando: um minuto! Ordenou o "engenheiro", apertando um botões, que fizeram luzes dos painéis piscarem alucinadamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Agora! Eu sou o carrasco! Vociferou o da cara cheia de sardas, manipulando a alavanca qual um manche de avião com uma mão e acionado outras alavancas menores em outro dispositivo. As ordens disparadas da sala de ”comando” faziam a “coisa” reagir imediatamente. Uma aba abriu-se no dorso da "coisa" e uma espécie de cateter desenrolou-se, apontando e lançando uma luz violeta para a lente da câmera de monitoramento do hospital. A “coisa” abriu-se novamente e pinças se projetaram, formando uma mão de três dedos dotados de unhas afiadíssimas. O enfermo subitamente levantou as pálpebras e pausadamente virou os olhos para a borda do leito. O cérebro ainda ativo do homem não interpretou corretamente a imagem que enxergou, mas imaginou ser a mão suave da esposa dedicada que lhe acariciava o braço, como ela sempre fazia quando vinha visitá-lo. Porém ele queria mesmo era acabar com o sofrimento dela. Doía-lhe mais saber que ela sofria por ele, um inválido. Desejava que ela seguisse outro caminho e fosse feliz, longe daquele inferno. Vinha implorando a todos os santos que ouvissem as preces mentais que ele fazia constantemente, para que fosse levado ao encontro dos antepassados que já tinham ido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A mão androide moveu-se desligando e anulando alguns instrumentos. De uma das pinças ejeta-se uma fina agulha, que numa só punção despeja um líquido incolor no saco de soro pendurado numa haste acima da cama. As gotas transferem a solução direta para o corpo do homem. Ele emite um leve frêmito e em seguida adormece. A “coisa” então encolhe as pinças e fecha-se. Um sinal sonoro agudo desperta a atenção dos observadores na sala de “comando”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-O que foi? Pergunta um deles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Tem alguém se aproximando. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Temos que sair rápido. Grita o "engenheiro" ao mesmo tempo que as alavancas são movimentadas com energia e força.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A “coisa” move-se mais rápido. O ruído produzido chama a atenção da enfermeira, que se ergue da cadeira para localizar a origem do barulho. Porém ela olha para outro lado, em direção à porta de entrada da C.T.I. já aberta por um médico que lhe pergunta se se está tudo bem. Ela argumenta pensar ter ouvido um ruído, como algo metálico sendo arrastado. O médico responde que não escutou nada. A enfermeira então balança a cabeça e se senta na mesma cadeira. O médico entra na saleta e se depara com um dos monitores cheio de estática, que impedem de ver a imagem transmitida pela câmera numero cinco. Pensa ser algum defeito ou mau contato e examina os cabos do aparelho. Como não nota nada, resolve ir até o leito. Ao chegar lá fica petrificado. Não acredita no que vê. Os fios e tubos que conectavam o enfermo aos aparelhos mantenedores estavam cortados e os monitores desligados. O homem no leito parecia dormir um sono eterno, com um leve sorriso nos lábios.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Calibri;">O-O-O-O</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Vinte e cinco dias depois, no mesmo ônibus de turismo, porém num banco na parte de baixo, já que a parte aberta estava lotada, um casal confabula cumplicidades.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Eu estou eternamente endividada com o senhor. Não sabe o alivio e a paz que estou sentindo neste momento. Falou a mulher sem olhar no rosto do homem de chapéu feltro, sentado ao seu lado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-A polícia e o hospital estão atônitos. Ninguém sabe explicar como foi que aconteceu. Eu mesma fiquei todos estes dias ansiosa, esperando uma notícia sua, mas só tinha o silêncio por resposta. Então, de uma hora para outra, recebo “esta surpresa”. O meu marido enfim descansou em paz. Eu posso lhe fazer uma última pergunta, continuou ela, agora fitando o companheiro de viagem, que mantinha o rosto virado para a frente, evitando olha-la.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O homem do chapéu de feltro que escutava mudo o tagarelar da mulher, apenas assentiu um sim com a cabeça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Ele sofreu? Digo, ele sentiu alguma dor? O olhar suplicante não teve a força necessária para demover o homem da posição em que se encontrava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Não. Ele não sofreu nada. Foi rápido e indolor. Partiu em paz, depois de ter adormecido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Obrigada mais uma vez. Eu sei que um dia terei de lhe retribuir esse favor e sei que farei isso com todo o prazer. Falou ela para ele, com a voz carregada de sentimento, quase engasgando a voz, pois desejava profundamente que de alguma forma ELE lhe cobrasse a “dívida” que tinha contraído com a “organização”. Porém, o homem de chapéu de feltro não emitiu o menor sinal de que fosse efetivamente cobrar algo dela. Apenas levantou-se, ajeitou o chapéu de feltro na cabeça e, desta vez encarando-a com um sorriso cativante, apenas lhe deu adeus, informando que um dia lhe daria notícias. Se despediu cavalheirescamente e desceu do ônibus, sem voltar o olhar para trás, deixando-a chorosa e feliz.<o:p></o:p></span></div>
<a href="http://www.portaldosblogs.com.br/" target="_blank"><img border="0" src="http://www.portaldosblogs.com.br/2008/banner/portal.jpg" /></a>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Fim deste episódio.<o:p></o:p></span></div>
wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-2426357426369726422012-08-05T15:40:00.001-07:002012-09-10T18:55:19.493-07:004 - O PLAYBOY<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdOQjwNUrDh9kvBEUB_eM3TSNmHcYfQhmWyNiBYqxBsLMhS1b607jL-zPKH8snYY75Apu1jsFKsEdQvd1xdPl8UYrD0bYGB1HoLF8TCju1JN5jSFoCY8jygwZBhHU2UTBOyfTSqgG0kKE/s1600/snakers.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" kda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdOQjwNUrDh9kvBEUB_eM3TSNmHcYfQhmWyNiBYqxBsLMhS1b607jL-zPKH8snYY75Apu1jsFKsEdQvd1xdPl8UYrD0bYGB1HoLF8TCju1JN5jSFoCY8jygwZBhHU2UTBOyfTSqgG0kKE/s320/snakers.jpg" width="311" /></a></div>
<br />
<div align="center">
<a href=http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=pt&u=http://the-snakers.blogspot.com.br/2012/08/o-playboy.html><font color="#000000" size="2">Translate this weblog</font>
<br /><img title="02bandeira-eua" style="border-top-width: 0px; display: inline; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="30" alt="02bandeira-eua" src=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi_3cHxQhsv_5fSFK7CvpapHSwutQlBOBz7yrOuhgNpCjtCFhBYSGmGEbl36NVt8pZ4QH90n5SfelijY2jnyvw4r_F9Dj0eKrkQZVHk8m30wIT86C0t5Dk9cwZqL5vwxK4LUnotYPe9lqt/ width="47" border="0" /><img title="01bandeira-ingla" style="border-top-width: 0px; display: inline; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="31" alt="01bandeira-ingla" src=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqLlG4wDf1WUfJlc2ZOfif-XmvHws4ifKjhkFCKbzCuu2YLWF3BTuafENuwJy1I_VmcSVBvvzNyIuvOLTJKVzLi9y6gBj1Nbjmv_9iyrfeeTBkiy3yZrBzGsIVIuGWtBEGvcleJAtWx1Ol/ width="50" border="0" />
</a>
<br /><font face="Microsoft Sans Serif" color="#c0c0c0" size="1"><em>By <a href=http://www.ferramentasblog.com/ target="_blank">Ferramentas Blog</a></em></font> </div>
<span style="font-family: Calibri;">No vigésimo andar do edifício envidraçado da sede de uma petroleira, erguido próximo ao centro de Porto Alegre, numa tarde quente e de poucas nuvens. Três homens conversam ao redor da mesa de vidro oval:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Isto é uma infâmia! Fala nervosamente o gordo e calvo, de terno caro que não consegue alinhar-se ao corpo mal cuidado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Pois é, essa é a última dele. Falou outro, em pé diante da mesma mesa e com as mãos no boldo de calça esporte de grife, feita por mãos de um exclusivo alfaiate estrangeiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Como vamos equacionar esta questão? Balbuciou o mais velho deles, único deles cujo terno combinava elegantemente terno, gravata e camisa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Esse cara já está me irritando! Rosnou o gordo, já demonstrando inquietação nos movimentos desengonçados do corpanzil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Não podemos fazer nada. Ele detém quarenta e três por cento das ações com direito a voto além de outro tanto das preferenciais. Agradeçam ao pai dele por isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Não contávamos com a morte prematura do Moacyr. Quem adivinharia que o vagabundo do filho dele ia pular para dentro do Conselho tão rápido? Falou o que permanecia em pé.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Bem...senhores...do jeito que as coisas vão, a fusão não poderá se concretizar. O velho executivo correu o olhar para os outros dois que lhe também observavam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-O C.A.D.E. já autorizou a negociação. O prazo está correndo. Se este “guri” fizer o que disse, vai tudo por água a baixo, inclusive o seu investimento...e sem o retorno prometido! Falou o gordo desalinhado apontando o dedo em riste para o velho no outro lado da mesa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Não precisa me lembrar disso. Entrei na sociedade e sabia dos riscos, mas não imaginava que uma tragédia com o Moacyr fosse mudar tudo. Agora é o herdeiro dele que está dando as cartas. Sabemos que é um playboy que vivia à custa do pai, esbanjando dinheiro com mulheres, carros e festas, que nunca se interessou pelas empresas. Eu, todavia, tenho uma solução.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Os outros se entreolharam com espanto, voltando-se com ar de curiosidade para o velho sentado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Isto. Tirou do bolso um cartão, com um holograma de uma serpente com um número de celular. O objeto deixou os dois sujeitos mais intrigados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-O que é isso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Será a nossa salvação. Mas preciso que vocês concordem comigo. Não posso tomar esta decisão sozinho, apesar de que sou eu que corro mais riscos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Pode ser mais explicito-falou o gordo calvo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Se aprovarem, contatarei estes “caras” e “eles” darão conta do recado. Eu lhes garanto que são precisos e não deixam pistas. Fazem um serviço “limpo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Do que você está falando? Perguntou o outro executivo de pé.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Lembram-se do que aconteceu com o assassino do meu neto?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Sim, lembramos disso-ressoaram em uníssono os dois únicos ouvintes da sala.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Pois bem. Eu estava com um nó na garganta que só desatei quando “eles” me deram a prova do que são capazes. Até hoje ninguém, a não ser vocês presentes nesta sala, sabem o que aconteceu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Você está insinuando “apagar” o playboy? O gordo arregalou os olhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Não. Não podemos fazer isso que daria muito na vista. Eu tenho em mente outra coisa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-O que é então? Inquiriu o que estava de pé, apoiando as mãos na mesa e aproximando-se mais da borda da mesa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O velho começou a calmamente a explanar as ideias que tinha em mente, com as quais os outros dois homems pareciam concordar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Vinte dias depois, num pavilhão discreto localizado no bairro Humaitá, na zona norte de Porto Alegre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Levantei todos os dados necessários. Veja a foto do satélite. Aqui – aponta com o dedo indicador um ponto na tela de LED do monitor- está a casa-alvo e o local todo é cercado por grades, com cerca elétrica, sensores de movimento, além de vigilância ativa vinte e quatro horas, monitorada por “trocentas” câmeras de vigilância e inúmeros sensores de movimento, espalhados por todo a área baldia e campos de golf. Aqui do lado – muda a indicação na mesma tela – está um aeroporto exclusivo, onde os figurões estacionam seus brinquedinhos de fim de semana. Tem uma empresa que controla a entrada e saída de todos por lá. Ninguém circula sem o conhecimento deles. Há motoqueiros varrendo toda a área e aparecem ao menor sinal de movimento estranho. Ninguém entra se não for autorizado e acompanhado pela segurança.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Como é que vamos entrar lá? Pergunta um rapaz de barba mal feita, sentado em cima de uma outra mesinha ao lado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-O que é isso? Pergunta o homem de chapéu de feltro apontando para um risco na imagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-É um canal que liga os lagos artificiais com o rio Guaíba. Originalmente eles usariam o canal para práticas de esportes aquáticos ou coisa assim, mas foram proibidos. É usado mesmo para abastecer e manter o nível da água dos lagos, somente para isso. Lá, parece que não podem fazer nada nos lagos, nem nadar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Então está respondida a tua pergunta. O homem de chapéu de feltro olhou para o rapaz de barba mal feita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Como é? Retrucou ele ao do chapéu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Vamos entrar no condomínio pelo rio, através do canal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-O nosso equipamento é para operação em terra. Além disso, a distância é de quase quatro quilômetros. Como vamos chegar até a casa? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-O nosso engenheiro aqui – olha para o que está defronte ao monitor- adaptará para uma draga, que deverá ser ancorada próxima à foz do canal. A draga não despertará suspeita, já que se misturará por pouco tempo às várias que estão trabalhando no local. Entramos no condomínio pelo canal, acessando de lago em lago a casa pelos fundos, já que é banhada por um dos lagos. Uma vez lá, procuraremos nosso alvo. Aí se inicia a segunda fase do “trabalho”. Algum pergunta?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Falou e dirigiu o olhar para os dois mais jovens, que concordaram com a estratégia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Um mês depois, à beira de uma piscina descoberta e banhada pela luz da Lua e de um céu estreladíssimo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Cara isso é maneiro! Que “baia” é essa tua! – elogiou o musculoso de trancinhas rastafári.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-É isso aí “brother”. E tudo o mais é meu agora. Tô a fim de encomendar uma “parada” aí ó! -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>discursa o tipo surfista, de cabelos loiros e encaracolados, com tatuagens espalhadas pelo corpo, sacudindo uma garrafa de uísque numa das mãos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Tá, é isso aí. Tô dentro! Correspondeu o outro com um leve soco de punho fechado no queixo do surfista, que entendeu como um gesto de carinho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Enquanto os dois “boa-pinta” se distraem na piscina, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a “coisa” se aproxima da casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Chegamos. Vou começar a procurar a entrada-explanou o “engenheiro” que manipulava uma alavanca cheia de botões parecida com “joystick” de vídeo-game, enquanto mirava a tela de monitor LCD com imagens em que visualizava um pier desativado nos fundos da residência majestosa e mais acima uma quadra de futebol sete, antes de alcançar a piscina descoberta da mansão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Procure com carinho. A entrada deve estar em algum canto por aqui. Assim que acharmos, dê o comando. Falou um outro jovem, de boné da Nike.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Estou baixando para o numero um o projeto completo da casa. Falou um terceiro, com óculos fundo de garrafa e cara cheia de sardas, rasgada por um nariz protuberante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Ok! Pelo GPS já estou me localizando. Só espero que desta vez teus arquivos estejam corretos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>– aceitou o operador do joystick.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Esta informação não depende só de mim. Retrucou o de óculos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Parem de discutir - cortou o de boné – vejam só o nosso “mané”! Falou olhando para uma imagem num outro monitor, que mostrava dois homens na piscina.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Que romântico! Gracejou o operador do joystick-Sinal de que estamos dentro. Vamos deixar estes babacas para lá e começar a procura. Ativando os sensores de ultra-som e infra-vermelho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Ok! Concordaram os outros na sala mal iluminada pelos brilhos intermitentes de luzes piscantes vindas dos painéis cheios de botões. Um zumbido e motores começam a mostrar que dão vida a uma “coisa” que se move silenciosamente pelas entranhas da casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Quatro horas mais tarde.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Operação concluída com sucesso. O celular vibra tons que forçam um sorrizo na boca do homem de chapéu de feltro, em outro ponto da cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Vocês foram perfeitos. Agora deixem comigo a finalização do nosso “trabalho”. O toque de “mestre””.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Disse e desligou sem esperar a resposta. Em passos lentos se dirigiu para um restaurante famoso pelos sabores chineses, onde um senhor muito distinto e de elevada reputação política o aguardava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Uma semana depois, na mesma sala do mesmo edifício sede da petrolífera, onde tudo começou, copos com o espumante mais sofisticado que o dinheiro pode pagar, tilintam entre si.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Os convivas são só sorrisos e confraternizam:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Aos negócios! Brinda o gordo, que a camisa quase se arrebenta tentando a abraçar a imensa cintura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Á felicidade de todos nós! Confraterniza outro, que não põe mais as mãos nos bolsos, somente balança a taça no ar em sinal de vitória alcançada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Como eu disse antes, “eles” não nos decepcionariam. Não teremos mais este obstáculo e poderemos levar a fusão adiante. “Eles” nem imaginam o quão somos gratos e devedores - sorri o velho, enquanto acaricia a taça numa mão e com a outra alisa a serpente do holograma no cartão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Enquanto isso, na sala de interrogatório da policia federal:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Eu já disse cara: eu não sei como é que o “bagulho” entrou lá! Não é meu! Alguém quer me prejudicar! Preciso falar com meu advogado!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Tudo bem, tudo bem. O “bagulho” não é teu. Parou lá por mágica. Cocaína em forma líquida, cem por cento pura, diluída no teu aquário, bem no meio da tua sala, quem iria suspeitar? Cara, teu advogado vai ter muito trabalho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Contrapôs o agente federal, envergando a coluna diante de um confuso playboy surfista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Fim de mais este episódio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-80657121713913904812012-08-03T17:50:00.003-07:002013-08-27T20:46:08.399-07:003 - A VINGANÇA<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjrCEfnsT0m6xzoMfSRjCSC1UGGtN-XxSb4ea0B6I1qLEYaloZGU87N7Hyw-Ydtk3eK7jveynJp-y18ivA7jZgf4GX8ix1IfmqnKmyyfcwHhU-hspMQO99hBCiMHXWH0LD5_uWxaYo5Og/s1600/snakers.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" kda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjrCEfnsT0m6xzoMfSRjCSC1UGGtN-XxSb4ea0B6I1qLEYaloZGU87N7Hyw-Ydtk3eK7jveynJp-y18ivA7jZgf4GX8ix1IfmqnKmyyfcwHhU-hspMQO99hBCiMHXWH0LD5_uWxaYo5Og/s320/snakers.jpg" width="311" /></a></div>
<br />
<div align="center">
<a href="http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=pt&u=http://the-snakers.blogspot.com.br/2012/08/a-vinganca.html"><span style="color: black; font-size: x-small;">Translate this weblog</span>
<br /><img alt="02bandeira-eua" border="0" height="30" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi_3cHxQhsv_5fSFK7CvpapHSwutQlBOBz7yrOuhgNpCjtCFhBYSGmGEbl36NVt8pZ4QH90n5SfelijY2jnyvw4r_F9Dj0eKrkQZVHk8m30wIT86C0t5Dk9cwZqL5vwxK4LUnotYPe9lqt/" style="border-bottom-width: 0px; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-top-width: 0px; display: inline;" title="02bandeira-eua" width="47" /><img alt="01bandeira-ingla" border="0" height="31" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqLlG4wDf1WUfJlc2ZOfif-XmvHws4ifKjhkFCKbzCuu2YLWF3BTuafENuwJy1I_VmcSVBvvzNyIuvOLTJKVzLi9y6gBj1Nbjmv_9iyrfeeTBkiy3yZrBzGsIVIuGWtBEGvcleJAtWx1Ol/" style="border-bottom-width: 0px; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-top-width: 0px; display: inline;" title="01bandeira-ingla" width="50" />
</a>
<br />
<span style="color: silver; font-family: Microsoft Sans Serif; font-size: xx-small;"><em>By <a href="http://www.ferramentasblog.com/" target="_blank">Ferramentas Blog</a></em></span> </div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: center;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">A VINGANÇA TEM UM PREÇO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O clima de consternação e revolta contrastava com a
beleza e a paz do lugar. Estavam todos num cemitério diferente dos
tradicionais, pois em vez de sepulcros e cruzes, apenas um imenso gramado,
ornamentado por muitas flores e rodeado por bosques. Para demarcar o local onde
repousa o ente que se foi, colocaram apenas placas com elaborados epitáfios,
confeccionadas em materiais que vão do granito elegantemente polido ao mais nobre
e caro mármore importado. Um cortejo em torno de um dos vários sepulcros,
distribuídos geometricamente, chama a atenção de quem por ali “passeia”. De
longe se ouve o lamento da perda trágica. Alguns dos presentes no ato fúnebre
confabulam entre si sobre a desgraça que abateu o ânimo do velho progenitor da última
linhagem dos Goldmam. A família atingida pela tragédia é composta por controladores
de um poderoso cartel, que estende negócios do cimento à indústria naval. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O jovem que perecera em meio a uma tumultuada
perseguição policial, era o herdeiro de tudo o que representa o sobrenome daquela
família neste país. Em meio ao séquito, um idoso com dificuldade de movimento
na perna direita, devido a uma trombose, é o único que não transparece dor ou
tristeza. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Do olhar frio dele emana somente um vil sentimento:
o ódio. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Ereto, apesar da idade, parece um tronco resistindo
à tempestade. Não sorri e nem desvia o olhar da cova que engole aquele que foi
o depósito de suas esperanças. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Ele não responde às condolências e para todos
dirige sempre o mesmo olhar.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Não dá para se afirmar o que ele quer dizer, mas é um
olhar diferente, maligno.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Outro homem de idade, que vai além dos cinquenta,
se aproxima e em voz quase sussurrada, fala bem próximo do ouvido do avô do
morto:</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Sinto pelo seu pesar meu amigo.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Não sinta.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Responde o velho sem piscar e nem olhar para o
rosto de quem lhe dirigiu os sussurros.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O interlocutor levantou o olhar impressionado.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-O que eu posso lhe dizer neste momento?</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Apenas o que quero ouvir. Responde o ancião
rispidamente.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-E como isso poderia lhe diminuir a dor?</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Sussurrou já deduzindo aonde o ancião queria
chegar, que lhe voltou o olhar gélido:</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Quero que acabe com a raça do desgraçado que fez
isso com meu neto. Entendeu?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">A voz rouca do velho agora emanava uma energia de
quem ditava uma ordem.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-A justiça já foi feita. O culpado já está preso
e...</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O homem não chegou a concluir e foi interrompido
pelo tom forte das palavras balbuciadas pelo avô do morto.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Justiça? Que justiça? O miserável está se
refestelando no conforto de uma cela paga com o nosso dinheiro, enquanto meu
neto desce esta catacumba! Perdi meu filho num acidente, dez anos atrás e agora
o perdi de novo, pelo meu neto. E o que você vem me dizer? Que foi feita
justiça? O miserável ainda vive e debocha de mim e do meu filho!</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">As palavras acompanhavam os punhos cerrados socando
o fundo dos bolsos do “sobretudo” preto. O amigo, concordando com o ancião,
retira do paletó um cartão com um holograma, que deriva uma imagem de uma serpente
sobreposta ao numero de um celular.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Sou advogado e sei o que significa tua revolta
diante da justiça dos homens. Eu não posso mudar os fatos, mas posso
confortá-lo com isso.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Ele estende a mão com o cartão entre os dedos para
o velho que o observa desconfiado.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-O que é isso?</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-É a “justiça” que tanto procuras. Quando
alcançares teus propósitos, repasse este cartão adiante e... –olhou sério para
o ancião que agora resplandecia um brilho diferente no olhar-...mantenha a
máxima discrição e segredo. Eu nunca lhe repassei este cartão, entendeu?</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-E daí? O que um simples cartão vai me resolver?
Isso é um disque-pistoleiro? O cara está dentro de um presídio de segurança
máxima. É um assaltante de bancos que nunca poderá irá sair de lá. Você pode me
ajudar de outra forma: suborne alguém, facilite a saída dele, tire-o de lá, que
aqui fora mando eu. E quanto a esse cartãozinho...posso joga-lo
fora, não posso?</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Eu não faria isso se fosse você. ELES me ajudaram
muito e são perfeitos, exatos e não lhe decepcionarão, mas valorizam o reconhecimento
e a retribuição.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Retribuição? Você quer dizer “dinheiro”? Então são
mercenários.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Não. Eles não são mercenários. Você entenderá
quando chegar a hora. Afinal, o que é que você mais deseja? E não é isso o que
importa? Se fosse você, não jogaria este cartão fora.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O ancião refletiu e ponderou que talvez o amigo
advogado tivesse razão. Por que não arriscar?</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Sim, qualquer que seja o preço, eu pagarei.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Falou e enfiou o cartão no bolso, voltando o
pensamento para o único e funesto propósito de seu resto de vida: vingar a
morte do neto.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-O-O-O-</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Quinze dias depois, dois homens se encontram num
café nos altos do mercado público de Porto Alegre.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-O senhor está me dizendo que não vê dificuldade
nesta “ação”? Então me diga: como é que vamos executá-la?</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O outro homem usando um chapéu de feltro, de pernas
cruzadas e bebericando um cappuccino, resmunga:</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Você recebeu minhas diretrizes. Basta segui-las na
integra. Antes, tenha certeza da qualidade das informações colhidas em nossa
“rede”. Use de nossos contatos... você sabe como aproveitá-los ao máximo.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Sorveu o ultimo gole e ia levantar da cadeira
quando foi interrompido pelo outro ainda sentado:</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Vamos ter que nos manter mais afastados devido ao
perímetro de segurança que existe em torno do presídio. Isto significa que
vamos ter que utilizar mais material e isso poderá complicar o operacional.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O engenheiro estava preocupado. O Snakers iriam
atacar um local extremamente vigiado. A “operação” continha alto grau de
periculosidade para a preciosa “coisa”.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Não me preocupo. Você é um engenheiro talentoso.
Saberá como contornar os obstáculos técnicos. Qualquer dificuldade peça ajuda
aos nossos “artesãos”. Tenha sempre em mente o nosso objetivo, que as ideias
lhe fluirão com a nitidez necessária.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Falou o do chapéu de feltro e depositou algumas
notas sobre a mesinha.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-O café estava saboroso. Tenha uma boa tarde.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Cumprimentou e sumiu entre o murmurinho agitado do
mezanino do Mercado Público.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O outro apenas olhou para a xícara vazia enquanto
brincava com uma colherinha de plástico.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-O-O-O-</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Trinta e dois dias depois.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Local: Penitenciária de Segurança Máxima de
Charqueadas.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">É a hora do final do banho eventual de sol dos
presos do pavilhão B.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Usando o tradicional uniforme laranja, o
prisioneiro 1665-B caminha em uma fila indiana para fora do pátio de sol, em
direção do corredor que dá acesso às celas. Passando por três portões automáticos
dele já está novamente dentro da cadeia, depois de passear pelo olhar
eletrônico de uma dúzia de câmeras e sensores de movimento. O carcereiro dá a
ordem e as portas são finalmente trancadas. Neste presídio a distribuição é de
um preso por cela de quatro metros quadrados. É a ala dos presos de alta
periculosidade e de regime fechado. Sem visitas e com a liberdade totalmente
cerceada por muros de oito metros de altura e chapas de aço no contra piso. O
preso 1665-B sorri. Ele recebeu uma mensagem cifrada vinda de fora na hora do banho
de Sol. Debaixo do colchonete retira um papelote com o mais puro pó. Alinha um
filete branco sobre a mureta que separa o vaso sanitário do resto do pequeno
cubículo e com um canudo improvisado com o papel da mensagem suga
pela narina toda a “carreirinha”. Sente um êxtase e continua sorrindo e imaginado
que dali a alguns dias uma “encomenda” vai chegar pelas mão corruptas de um
carcereiro.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Entretanto, um ronco vindo do fundo da cela lhe
desperta do “sonho”.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Ué? Quié isso cumpadi?</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Pensou enquanto fitava a “coisa” que emergia dentro
da cela, vinda do outro lado da mureta.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Hêeeee...êta....essa é da boa mesmo...já tô
viajando...de onde essa “coisa” veio?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Ele se questiona, pois não há como entrar ali sem
passar pela porta. O cubículo é todo blindado para evitar fugas.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Só que o sorriso debochado do meliante dura pouco e
se transforma num urro de dor.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Tudo para ele agora é só escuridão!<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Enquanto isso, num monitor longínquo, a imagem
formada é límpida e confirma que o “serviço” foi executado com o sucesso
habitual. Homens aliviados comemoram batendo palmas e celebrando. Botões são
acionados e um engenheiro dá a ordem final: “Desativar sonar e recolher pinças.
Vamos sair.” <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Respondendo aos impulsos digitais vindos da Central
de Comando, localizada num pavilhão em local que não pode ser revelado por
questões de segurança, a “coisa” reage obediente e se recolhe pelo mesmo
caminho que fez para penetrar nas entranhas do edifício da penitenciária.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Logo em seguida, e rapidamente, um caminhão Scania
de cinco eixos se afasta do local, quadras distante da penitenciária, sem que
pedestres desatentos possam imaginar que nele é transportada a
"morte".<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Os gritos do preso 1665-B ecoam e chamam a atenção
dos agentes penitenciários. Quando checam as celas se deparam com um horror: ele
está estirado no chão, com os braços abertos e olhos esbugalhados. Um filete de
sangue escorre pelo pescoço, definido por um corte certeiro de uma lâmina que
decepara a traqueia e a carótida. Em vão os agentes penitenciários tentam
salvar o indivíduo. O homicídio ocorreu dentro de uma cela trancada, sem
testemunhas e sem explicação convincente. Isso deixou todos, agentes e presos, apavorados
e atônitos. </span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">A imagem do sistema prisional ficou maculada, e já
não é mais considerada um modelo inexpugnável.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-O-O-O-</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Vinte dias depois, sob o pergolado de uma mansão localizada
na rua Portulaca, em um elegante bairro de Porto Alegre, o ancião-avô sorri
para o cavalheiro dono de um chapéu de feltro, cuja identidade não pode ser
revelada:</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-O senhor não sabe o alívio que as últimas notícias
me trouxeram. Sei que isso não vai trazer os meus descendentes de volta, mas o
sobrenome da minha família jamais será desrespeitado dessa maneira. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O cavalheiro de chapéu apenas sorriu de leve,
demonstrando um falso interesse pelo assunto. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O ancião prosseguiu:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Descobri que meu neto engravidou uma moça e minhas
esperanças renasceram das cinzas. Sei que não estarei aqui para ver isso acontecer,
mas eu estou no caminho certo e quem sabe, meu bisneto possa um dia reconhecer
tudo o que fiz por ele.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Não me importo com o que o senhor lucra o perde
com isso. Apenas peço que me diga: onde está o cartão?</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O velho tira de uma carteira o cartão holográfico e
o alcança ao homem de chapéu de feltro, que o confere e devolve.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Repasse-o a outro que, como o senhor, venha
necessitar dos serviços de minha “organização”.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Muito bem, e quanto lhe devo?</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Não me deve nada.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Não entendi? Tem que haver um preço. Diga qual é.
Dinheiro, propriedades, mulheres, o que quiser...</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-O senhor deve-nos apenas dedicação e lealdade,
nada mais, e será quitado quando e se necessitarmos.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Disse e se levantou já procurando a saída sem se
importar com o olhar estupefato do ancião.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">-Espere, eu pelo menos posso lhe apertar a mão em
sinal de agradecimento? O senhor é o responsável pela minha paz.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O homem de chapéu de feltro nada respondeu e nem
mudou o rumo. Deixou o ancião falando sozinho, com a mão estendida no ar.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Deu meia volta e embarcou em um automóvel Honda Civic
preto, que o aguardava no bem cuidado jardim da residência.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br />
</span></b><b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O carro foi se afastando, deixando para trás mais
espanto que admiração.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">-O-O-O-<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #C0A154; line-height: 16.65pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Fim de mais uma façanha dos Snakers.</span></b><b><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b><br />
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;"><br /></span></b>
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Acompanhe também em:</span></b><br />
<b><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;"><br /></span></b>
<a href="http://www.widbook.com/wb/book/feed/the-snakers">http://www.widbook.com/wb/book/feed/the-snakers</a><br />
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-59955175732433133762012-08-02T16:41:00.004-07:002012-09-10T18:52:52.899-07:002 - O INQUÉRITO<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUDcKRepIdLHOVF-JbmkLo4jxqiNmy11IUIaMRbtfl0JL8g8zCKWkc8S7InBkAT0jIXWwlgcNBrTPoPREGSChwdRuiAsXQ0_YcrED84c6DgY7YP1fByBcdJU79o8qtlYJdeiEWmjyb2TQ/s1600/snakers.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" kda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUDcKRepIdLHOVF-JbmkLo4jxqiNmy11IUIaMRbtfl0JL8g8zCKWkc8S7InBkAT0jIXWwlgcNBrTPoPREGSChwdRuiAsXQ0_YcrED84c6DgY7YP1fByBcdJU79o8qtlYJdeiEWmjyb2TQ/s320/snakers.jpg" width="311" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: Calibri;">O<span style="mso-spacerun: yes;">
<div align="center">
<a href=http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=pt&u=http://the-snakers.blogspot.com.br/2012/08/o-inquerito.html><font color="#000000" size="2">Translate this weblog</font>
<br /><img title="02bandeira-eua" style="border-top-width: 0px; display: inline; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="30" alt="02bandeira-eua" src=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi_3cHxQhsv_5fSFK7CvpapHSwutQlBOBz7yrOuhgNpCjtCFhBYSGmGEbl36NVt8pZ4QH90n5SfelijY2jnyvw4r_F9Dj0eKrkQZVHk8m30wIT86C0t5Dk9cwZqL5vwxK4LUnotYPe9lqt/ width="47" border="0" /><img title="01bandeira-ingla" style="border-top-width: 0px; display: inline; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="31" alt="01bandeira-ingla" src=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqLlG4wDf1WUfJlc2ZOfif-XmvHws4ifKjhkFCKbzCuu2YLWF3BTuafENuwJy1I_VmcSVBvvzNyIuvOLTJKVzLi9y6gBj1Nbjmv_9iyrfeeTBkiy3yZrBzGsIVIuGWtBEGvcleJAtWx1Ol/ width="50" border="0" />
</a>
<br /><font face="Microsoft Sans Serif" color="#c0c0c0" size="1"><em>By <a href=http://www.ferramentasblog.com/ target="_blank">Ferramentas Blog</a></em></font> </div>
</span>senhor do chapéu de feltro está sentado num banco diante do plácido Guaíba, no calçadão de Ipanema. Não é fim de tarde ainda e o Sol ainda se mantém alto, não revelando ainda todo o esplendor do belíssimo cenário que compõe todas as tardes para os Porto Alegrenses.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A passos calmos. Um homem se aproxima. Veste-se esportivamente: calça jeans, jaqueta, tênis, cinto, camisa La Coast com a gola aberta, óculos escuros. Está com barba rala, por fazer e olha para a margem oposta do rio e senta-se no mesmo banco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-O senhor está atrasado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Tive uns contratempos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Então não vamos perder mais tempo: já tens o que eu pedi?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Sim, não foi difícil conseguir. Só não entendo para que o interesse pelo projeto hidro-sanitário de um prédio velho. Ninguém nunca me pediu isso antes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-A primeira vez sempre assusta, meu jovem. Disse o homem do chapéu sorrindo enquanto apanha o disco alcançado pelo jovem de roupa esporte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Espero que eu tenha ajudado de alguma forma, falou o jovem tentando arrancar mais alguma informação do velho, que sem agradecer já estava em pé e se afastando do local, dando as costas para o rapaz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Que cara esquisito...eu hein! Pensa ele enquanto toma o caminho oposto, olhando de vez em quando para trás, para ver se o velho também olha, porém o velho se afasta cada vez mais desaparecendo noutra rua.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Vinte dias depois, na sede da policia federal localizada numa larga e movimentada transversal da cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Como foi que isso aconteceu? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Berrou o delegado federal Amaury para os subordinados enquanto corria o olhar deles para um amontoado de processos numa prateleira dentro de um cofre, situado no subsolo do prédio. No meio da pilha de documentos, um em particular atraia a atenção do delegado: estava todo manchado com uma tinta escura e muitas páginas pareciam estar enlameadas com alguma espécie cola pegajosa. O documento era o único da pilha que estava nestas condições. O delegado visivelmente nervoso disparava perguntas e ordens à todos a sua volta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Requisitou nomes de todos que tinham acesso ao recinto, cópias de vídeos da câmeras de segurança, escalas de quem estava de trabalho na noite anterior e enquanto falava alucinado ao celular, insistindo em sabotagem, implorando que peritos comparecessem ao local para levantar a ocorrência, e tudo isso no meio de um tumulto que varou o prédio da manhã até a tarde. E neste mesmo dia, um promotor estarrecido recebia a notícia, no Ministério Público, que o inquérito 611724208 não poderia mais ser remetido dentro do prazo e que todos os depoimentos e fatos nele arrolados foram seriamente danificados, possivelmente numa ação deliberada de vandalismo criminoso dentro das dependências da sede da policia, mas que o mesmo iria ser reconstruído, mas </span><span style="font-family: Calibri;">o delegado insistia de que o adiamento dos prazos seria inevitável, etc..etc..etc...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Durante as investigações posteriores, os peritos não chegaram a nenhuma conclusão que pudesse elucidar o crime. Não entendiam como “o” ou “os”, meliantes, poderiam ter tido acesso à uma área tão restrita e em pouco tempo terem danificado seriamente o documento. A desconfiança repousou sobre todos os presentes e um começou a duvidar do outro, o que irritou a cúpula da policia e o secretário de justiça, já que o inquérito era o desfecho de uma operação de dois anos em que se desbaratava uma quadrilha especializada em lavagem de dinheiro proveniente pirataria de peças de reposição para máquinas importadas e evasão de divisas. No inquérito estavam relacionados nomes de políticos, empresários e doleiros, além de artífices altamente especializados na manufatura pirata de peças patenteadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A sala do cofre foi interditada e lacrada pela corregedoria e todos os policiais suspeitos foram afastados, incluindo o próprio delegado Amaury. O inquérito não pode ser reconstruído integralmente e as testemunhas não quiseram reafirmar o que tinham deposto. Diante da fragilidade do documento reencaminhado ao Ministério Público, o promotor não pode oferecer denúncia e teve de propor acordo com os advogados dos acusados. O caso teve ampla repercussão na imprensa local e até hoje repousa sobre uma mesa da promotoria de crimes fazendários. O promotor negou-se a falar no caso e passou a evitar a imprensa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Os acusados comemoraram o desfecho dentro de uma churrascaria, com abraços, sorrisos e semblantes de alívio em todos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Dez dias depois, no Instituto Geral de Pericias, durante uma noite de garoa fina e fria sobre Porto Alegre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O perito Adelar examina as fotos coladas nas ultima páginas da pasta referente ao caso da sede da policia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Já vira estas imagens várias vezes, mas um detalhe numa das fotos, que não tinha notado, lhe chamou a atenção: no canto superior esquerdo, um ponto preto. Com uma lupa verifica que se trata de uma pequena abertura circular, usada para ventilar o interior do cofre. Nota que esta abertura, de mais ou menos duas polegadas de diâmetro estava aberta. A tela de proteção estava rasgada. Olhou e re-olhou o detalhe. Procurou um DVD em meio aos que estavam arquivados em uma caixa e começou a analisar as imagens captadas por uma câmera instalada dentro do cofre. Observou que uma sombra muito estreita, como a de uma corda, movia-se fora do campo da tela. Ficou intrigado, mas deu de ombros. Afinal, como isso poderia mudar o rumo das coisas? Fechou a pasta e a jogou na pilha de outras que teriam destino semelhante: o arquivo morto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Enquanto isso, em outro ponto da mesma cidade:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Meus parabéns. Realmente não temos como demonstrar tanta gratidão. Insistimos que o senhor nos diga qual é o seu preço. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Falou o advogado de um dos investigados ao senhor do chapéu de feltro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Sentado e imóvel, ele apenas sorriu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-O senhor soube como me encontrar e tem algo que permitiu a nossa aproximação. Deve saber que isso implica vantagens e obrigações para com a minha organização e que sempre que necessitarmos, entraremos em contato. O seu apoio é o pagamento pelos nossos serviços.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Realmente, meu amigo...posso lhe chamar assim...ehrrr...que lapso...esqueci de perguntar o seu nome...como é que o senhor se chama mesmo? Disse o advogado esticando o olhar para o senhor de chapéu, que apenas lhe responde com um sorriso e faz um gesto na sua direção. O advogado retira um cartão do bolso e o alcança em direção do senhor de chapéu. Em uma face do cartão se vê um holograma, que varia a imagem de uma serpente com um número de celular. O homem de chapéu confere o objeto e o devolve.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Fique com ele. Se alguém mais precisar, nas mesmas condições em que o senhor e os seus necessitaram, repasse-o, sempre com a condição de máxima discrição e segredo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Muito bem, entendo suas precauções. Não se preocupe. Morre aqui o que tratamos. Se não deseja pagamento, que o seja. Estaremos sempre à sua disposição quando necessitar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Há...se me permite mais uma pergunta: como foi que o seu grupo conseguiu destruir o processo? O senhor sabe que todos nós ficamos surpresos com a forma que o usou para nos ajudar. A sua organização deve ser muito poderosa mesmo, se me permite afirmar, pois até eles não sabem quem foi o autor da proeza. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Disse e olhou curioso para o homem do chapéu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Ele apenas devolveu um olhar sem expressão:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">-Não foi alguém ou qualquer outra pessoa. Isso eu lhe garanto. Não usamos da intervenção de ninguém nesta ação. É uma medida de segurança. Isto é que garantiu nosso sucesso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Falou enquanto se levantava e ajeitava o chapéu de feltro, despedindo-se. Virou as costas para o advogado e seguiu caminho, sem mais olhar para o advogado, que sem entender o que o homem dissera, apenas acenava timidamente um adeus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Fim deste episódio.<o:p></o:p></span></div>wilson nunes barbosahttp://www.blogger.com/profile/12264544989151790279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4315694307318412232.post-8186190538879347762012-08-01T18:34:00.002-07:002014-10-19T15:44:59.223-07:001 - O CONTRATO<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisi01IRs3pGODMu1SVpGstSbDQ6KtOx0p_DWNbXg2Y1uQDPhVmrH6y9LN5yfjL8Cqlg_ov8rQ2Uo3dB8nBeQiJGIkud473t1-oL5jK2H8L9eozR5dmklW84lZ3_LxiX1xYYyzQjC5n9xg/s1600/snakers.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisi01IRs3pGODMu1SVpGstSbDQ6KtOx0p_DWNbXg2Y1uQDPhVmrH6y9LN5yfjL8Cqlg_ov8rQ2Uo3dB8nBeQiJGIkud473t1-oL5jK2H8L9eozR5dmklW84lZ3_LxiX1xYYyzQjC5n9xg/s320/snakers.jpg" height="320" kda="true" width="311" /></a></div>
<br />
<div align="center">
<a href="http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=pt&u=http://the-snakers.blogspot.com.br/2012/08/o-contrato_3464.html"><span style="color: black; font-size: x-small;">Translate this weblog</span>
<br /><img alt="02bandeira-eua" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi_3cHxQhsv_5fSFK7CvpapHSwutQlBOBz7yrOuhgNpCjtCFhBYSGmGEbl36NVt8pZ4QH90n5SfelijY2jnyvw4r_F9Dj0eKrkQZVHk8m30wIT86C0t5Dk9cwZqL5vwxK4LUnotYPe9lqt/" height="30" style="border-bottom-width: 0px; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-top-width: 0px; display: inline;" title="02bandeira-eua" width="47" /><img alt="01bandeira-ingla" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqLlG4wDf1WUfJlc2ZOfif-XmvHws4ifKjhkFCKbzCuu2YLWF3BTuafENuwJy1I_VmcSVBvvzNyIuvOLTJKVzLi9y6gBj1Nbjmv_9iyrfeeTBkiy3yZrBzGsIVIuGWtBEGvcleJAtWx1Ol/" height="31" style="border-bottom-width: 0px; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-top-width: 0px; display: inline;" title="01bandeira-ingla" width="50" />
</a>
<br />
<span style="color: silver; font-family: Microsoft Sans Serif; font-size: xx-small;"><em>By <a href="http://www.ferramentasblog.com/" target="_blank">Ferramentas Blog</a></em></span> </div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-size: 18.0pt; line-height: 115%;">O Contrato – Eliminem o
Juíz<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Dois indivíduos se encontram pela
primeira vez num restaurante movimentado da rua Da Praia.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-O senhor não me adiantou como é
que vai providenciar tudo.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-Não se preocupe. Tudo será
providenciado. Apenas me diga por que nos procurou?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-Bem...-o interlocutor
pigarreou-...na verdade eu represento um grupo de pessoas que estão aborrecidas
com as decisões tomadas pelo juiz Benetton, lá da primeira vara da fazenda. O
senhor sabe como é: um burocrata incorruptível e que leva o trabalho à sério...<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-Não necessita se alongar doutor.
Entendi perfeitamente. Se fizer necessário que esta pessoa não interfira mais
nos projetos do seu grupo, sejam lá quais sejam estes interesses, isso será
feito. E como quer que solucionemos esta questão?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O homem grisalho falou calmamente
e olhando fixo para o outro no lado oposto da mesa. O observava, enfiado em um
caro terno “riscado” de linho e de pernas cruzadas e mãos calmamente dispostas
sobre o colo segurando o seu inseparável chapéu de feltro. Estava tentando
depreender do outro sujeito o que ele tentava esconder. Forçava o olhar azul,
embutido numa expressão já marcada pela experiência, deduzindo que estava para penetrar num terreno perigoso
pelo assunto que tratavam. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O interlocutor olhou o senhor
sexagenário observando a reação, no outro lado da mesinha do restaurante da rua
movimentada de Porto Alegre.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-Do jeito que o senhor achar
melhor, desde que não nos comprometa. Em hipótese nenhuma ninguém poderá nos
relacionar a qualquer fato que se relacione ao que vier ocorrer com esse juiz.
O senhor pode me dar essa certeza e segurança disto?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O sujeito envergou a coluna para
a frente se debruçando na mesa enquanto empregava um tom incicivo na pergunta.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-Evidentemente. Se nos procurou é
porque confia em nossas ações e sabe que elas são objetivas e limpas. Saiba,
porém, que isto tem um preço.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O sujeito não se intimidou.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-Dinheiro não será problema. Diga
o valor que providenciaremos tão logo executem o “serviço”.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O velho grisalho alisava as abas
do chapéu enquanto media a audácia do jovem que tinha marcado aquele encontro.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-Não transacionamos valores. O
pagamento será cobrado de outra forma.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>A frase fez levantar as
sobrancelhas do contratante.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-Perdoe-me. Não entendi. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O interlocutor quase ancião, já
de pé e repondo o chapéu de feltro na cabeça grisalha, sorria para o jovem
ainda sentado:<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-O senhor terá notícias minhas.
Aguarde-me. Boa tarde.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Virou-se e sumiu na multidão
nervosa da rua.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-O-O-O-<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Alguns dias depois, em outro
ponto da mesma cidade, no edifício do
fórum central do Tribunal de Justiça.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O juiz Benetton entra no fórum
pontualmente às nove horas da manhã. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Acompanhado de dois seguranças
armados, e trajando um coleta à prova de balas por baixo da roupa, entra pelo estacionamento lateral do prédio,
evitando a entrada principal pela outra rua.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Primeiro, os dois seguranças
verificam a segurança das imediações e autorizam a movimentação do juiz em
direção ao hall dos elevadores. Uma vez dentro do prédio, cumprimenta o chefe
da segurança que já o espera e se dirige ao oitavo andar, onde se localizam as
varas da fazenda publica. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O juiz respirou aliviado. Ele
conseguiu chegar até ali incólume para
iniciar mais um dia de trabalho. Terá diante de si mais uma pilha de processos
para analisar e terminar outros em que iniciara promoções inacabadas. Nos
últimos dias ele tem enfrentado, com energia, vários casos espinhosos. Estes
processos apontavam gente graúda do governo e grandes empresas na pratica de
crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Isso irritou muitos vilões de grosso
naipe que passaram a ameaçá-lo. E ele não se intimidou! Prosseguiu em frente no
propósito maior: fazer justiça e obrigar os meliantes a responder pelas faltas
que cometeram. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Como chegou cedo, o prédio do
fórum está vazio. Um segurança ainda o acompanha até a sala 804. A sala é
austera na decoração. Apenas mobílias funcionais decoram o ambiente. A janela é
mantida fechada por medida de segurança. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Todas as autoridades que
trabalham naquela área do fórum tem de ter o máximo de precaução. Varreduras
eletrônicas periódicas são feitas para evitar vazamentos por escutas
clandestinas. Um conjunto de câmeras monitoram todos os ambientes e áreas de
circulação e todos só circulam autorizados pelas chefias de segurança de cada
unidade visitada.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Benetton passa o crachá magnético
na fechadura da porta que se abre com um clique mecânico. Entra na sala e
automaticamente as luzes se acendem. Retira o colete à prova de balas e veste
um paletó que ficara na guarda da cadeira no dia anterior. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Ele olha para um porta retrato em
cima da mesa, com a imagem de um adolescente abraçado por uma mulher de meia
idade. Passa a ponta dos dedos pela foto e por alguns segundos se desconecta
das obrigações diárias. Passa a mão pela barba e nota que precisa apará-la.
Afinal, é necessário manter a aparência. Decidido, abre a gaveta da
escrivaninha e apanha um barbeador importado. Volta-se e caminha até o pequeno
e exclusivo banheiro anexo à sala. A luz automaticamente se acende assim que
abre a porta e ele se posiciona diante do espelho cristalino instalado acima do
balcão da pia. Liga o barbeador, tira a gravata e afrouxa a camisa. Arregaça as
mangas da camisa social. Começa a passar o barbeador suavemente e sem pressa
pelo rosto sulcado por rugas e marcas de expressão. Já são trinta anos de
carreira, oque o leva a divagar e pensar no que fará na aposentadoria, quando
um ruído vindo do chuveiro lhe chama a atenção. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Vira-se e olha para trás. Nada
nota. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Volta-se para o espelho e continua
a tarefa da barba, e outro ruído lhe desperta a curiosidade. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Olha de novo em direção ao fundo
do banheiro, desta vez pelo espelho.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O que vê lhe desperta
curiosidade:<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-O que é isso? <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Fala sozinho enquanto fixa o
olhar na “coisa” que está estendida diante dos pés do juiz. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Um arrepio frio lhe percorre a
parte das costas, do calcanhar até a cabeça, chegando mesmo a eriçar o couro
cabeludo da nuca. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Num gesto instintivo tenta correr
em direção da porta, mas violentas câimbras lhe contorcem os músculos e uma dor
dilacerante lhe faz dobrar os joelhos, fazendo o corpo perder equilíbrio e
tombar no chão tal como um saco de batatas. Tenta, num esforço mover a cabeça
para trás e vê que a “coisa” se movimenta lentamente em sua direção. Num
instante perde a consciência e tudo fica escuro. Nada mais vê.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b>A “coisa” então se recolhe de
volta pelo mesmo caminho que fez para acessar o banheiro exclusivo daquela
sala. As imagens que transmitiu em tempo real para uma Sala de Controle distante
dali, fez a equipe de homens - os operadores da “coisa”- atentos vibrarem. Um
deles liga para um celular que é atendido pelo dono de um chapéu de feltro,
solenemente acomodado em uma poltrona de couro de jacaré e bebericando um
Johnnie Walker de 12 anos balbuciar um agradecimento:<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b>-Bom trabalho “snakers”. Agora
limpem o local de qualquer vestígio e saiam daí.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b>Falou calmamente e desligou em
seguida.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-O-O-O-<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Vinte dias depois, no mesmo
restaurante onde o homem do chapéu de feltro –cuja identidade é mantida em
sigilo por questões de segurança – e o jovem contratante de cabelo preto se
encontraram pela primeira vez.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O jovem de cabelo preto deposita
o jornal do dia na mesa, com um circulo feito à caneta sobre uma manchete:
“Juiz é encontrado morto dentro do fórum vítima de parada cardíaca.” <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Olha para o interlocutor grisalho
e ainda com aquele chapéu de feltro.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-Impressionante. Como conseguiu
isso? E dentro do fórum, totalmente cercado por seguranças, à luz do dia?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-É nossa especialidade. Como lhe disse anteriormente, nossas ações
são objetivas e limpas. Seja lá qual o resultado buscado, não nos importamos
com os desdobramentos dos fatos por nós gerados. Importa-nos apenas a execução
dos objetivos de nossa “clientela”. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Falou e pigarreou antes de
continuar, sem desviar o olhar azul atento do jovem que estava à sua frente.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-No caso dos senhores, esse juiz
deixou de ser um entrave a quem quer que seja.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-Realmente, o senhor não sabe
como ficamos assustados e ao mesmo tempo aliviados. Não pensamos que seria
dessa maneira e de forma tão rápida. Saiba que temos profundo respeito e apreço
pelo senhor e sua “organização”. Agora, gostaríamos de falar de valores, se é
que me entende....<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-Não queremos dinheiro. Quem nos
indicou não explicou como é que funciona nossa “organização”?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-Bem...na verdade o contato foi
feito através de um advogado e...bem...ele entrou nesta história toda dizendo
que sabia como ajudar, que conhecia os senhores...mas não explicou
muito...apenas nos deu um cartão...<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O jovem estende a mão e na ponta
trêmula dos dedos segura um cartão, que tem um holograma de uma serpente
sobreposta a um número de celular em outro ângulo de visão. Balança o cartão em
direção do homem de chapéu de feltro, que olha impassível, sem corresponder ao
gesto.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-O senhor e seu grupo muito
provavelmente estão à procura de respostas. E às terão, no devido tempo. Guarde
este cartão. Saiba que a posse dele lhe garante oportunidades e também
compromissos. Essa é a nossa cláusula: compromisso. Quando, e se precisarmos, o
senhor e seu grupo será procurado. E se o senhor encontrar a quem possa sirvir
este cartão, poderá repassá-lo, mas sempre alertando que a pessoa deverá guardar
discrição e segredo de todas as nossas operações.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O jovem diante do homem grisalho
levanta as sobrancelhas surpreso. Tenta esboçar uma reação.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>-Só isso? Nenhum valor? O senhor
tem certeza? Espere, vou lhe mostrar uma coisa...<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Falou e desviou o olhar para uma
maleta que trazia no colo. Abriu e dela ia retirar um maço de títulos ao
portador quando percebeu que o homem do chapéu de feltro já se distanciava e
sumia entre a confusão de mesas e cadeiras do salão do restaurante....<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Fim deste conto.</b><o:p></o:p></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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