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sábado, 15 de dezembro de 2012

11 - A COISA - "A EVOLUÇÃO"


A madrugada no porto de Porto Alegre é pertubada por figuras furtivas, que se agitam dentro do armazém D1.
Os homens que por ali se batem estão descarregando o conteudo de um enorme caixão de metal, um container, enviado em um navio
direto de Cingapura. A loga viagem terminou em terras gauchas, mas por precaução e para não chamar a atenção,
a carga do container só foi descarregada após o anoitecer.
Os homens obdecem as orientaçãoes de um senhor, que insiste em usar umn chapéu antiquado feito de feltro.
Acompanhando tudo, o olhar observador de um jovem e idealista engenheiro fica extasiado quando um dos volumes
envelopados em uma das caixas de madeira descarregada do container, reluz na luz tênue das luminárias do armazém.
É um objeto cilindrico e metálico, envolto em palha de vime e bolinhas de isopor.
O cavalheiro de chapéu, que também observa o objeto, comenta que é a evolução da técnica.
O objeto chama a atenção. Parece um imenso anelídeo, desses que normalmente se encontra ao escavar
a terra úmida dos jardins. O aço polido reflete imagens distorcidas do ambiente, mas tanto
o engenheiro e o cavalheiro de chapéu conseguem se dinstiguir entre as distorçoes refletidas, mas o
olhar deles é de deslumbramento diante do novo modelo da "coisa".
-Rapaz-susurra o velho-este "projeto" inovou. Agoa teremos mais "autonomia" em nossas "ações".
-Quais os avanços esse novo modelo apresenta? O rapaz está ansioso por uma resposta.
-Eu compreendo tua ansiedade. A fala do velho é calma e tranquila.
E continua:
-Este sistema é totalmente novo. Não vamos mais necessitar de um motor diesel para
movimentar o "extenser" por todo o trajeto. Esta unidade é totalmente automata. E ela
se "arrastará" até o destino, não importando as dificuldades do trajeto.
O velho fala enquanto estica o olhar para o engenheiro, para medir as reaçoes
dele diante de cada palavra.
-A "unidade"-prossegue o velho-tem três hastes que se projetarão para fora
do corpo principal, fixando-a nas paredes internas da tubulação. Em seguida
estenderá para frente um prolongamento do corpo principal. Dele sairão
outras três pinças, que também se fixarão nas paredes do duto invadido.
O jovem engenheiro ajeitaqva o óculos o tempo todo, como se quisesse ajustar
o foco para ver melhor.
-Então,-prossegue a voz pausada e rouca do velho-as primeiras hastes são
recolhidas e a extensão do corpo é recolhida, e este movimento de retração
puxa o restante do corpo da "coisa" cada vez mais adiante, e assim ela
vai percorrendo todo o itinerário programado.
-E a fonte de energia para isso tudo?-quiz saber o engenheiro.
-Já esperava esta pergunta. Ela provém do metano pré-existente dentro das
tubulações. Este modelo da "coisa" foi projetado com uma
célula compacta de reciclagem de metano em energia para os
sistemas embarcados nela. E no ambiente em que ela transitará há combustivel
de sobra.
-E como vai fazer para recuperá-la?
-Ora meu ingênuo jovem.A "coisa" fará os movimentos inversos para retornar
para a base. E através do GPS, poderemos monitorar cada metro percorrido.
-E como o senhor resolveu a questão da comunicação? Não ficará prejudicada?
-Pensamos nisso também. Para isso abusamos da tecnologia de celular. E para aumentar
a eficiência, a "coisa" terá suporte de um longo cabo óptico. Teremos
velocidade de transferencia de daos muito superior à melhor banda larga digital
existente no mercado.
-Porque tudo isso? Não ficou caro demais?
-Jovem, no nosso "meio" os resultados devem imediatos e precisos. Não pode
haver falhas. Muitos dos "membros" da nossa "organização" são devotos à ela.
Eles todos tem uma divida de "gratidão" com o grupo. Isso é que dilui os
possíveis custos.
-Senhor...-o engenheiro não chega a terminar o que estava iniciando a dizer
e é interrompido pelo ancião:
-Você terá a honrra de fazer o batismo desta "coisinha" espetacular. Será
a nossa próxima "ação" e com a nova tecnologia. E quer saber qual é?
Falou e esticou um olhar penetrante para o jovem.
O engenheiro faz um meneio com a cabeça confirmando a curiosidade.
-Vamos pregar um "susto" no governador e dentro do palácio do governo.
O olhar do jovem se espanta ante o sorriso inigmático do homem de chapéu de feltro,
que já não sabia se de entusiasmo ou sadismo.

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Fim deste episódio.

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